quarta-feira, 16 de julho de 2025
Ensaio Casa Bambu - Vi Oliver
quarta-feira, 28 de maio de 2025
O Terceiro Gênero na Angola Pré-Colonial
Adaptado de Medium e Queer in History
Dando sequência a essa série de posts que mostram que experiências transgênero existe há muito tempo na história da humanidade – como no caso das Hijras na India, Taikomochis no Japão e Duas almas nos povos nativo americanos – trago agora um pouco da história transgênero que aconteceu no reino de Ndongo e Matamba (atual Angola).
Nzinga, Governante do Reino de Ndongo e Matamba
Era uma vez, no Reino de Ndongo e Matamba (hoje localizado em Angola), uma monarca reinante chamada Mwene Nzinga Mbandi (1583-1663). Uma bela guerreira que meio que mudou de gênero, atribuindo-se a si mesma a responsabilidade de fazer coisas "masculinas", usar trajes masculinos e até mesmo assumir algumas esposas.
Seu pai governava a região e tinha o título de "Ngola" (daí a origem do nome atual do país: Angola), e foi sucedido nessa posição pelo seu irmão, Ngola Mbande. Quando criança, ela foi favorecida por seu pai, que lhe deu a oportunidade de observá-lo de perto enquanto ele governava e até mesmo o acompanhou para guerras. Mais tarde, ela foi enviada por seu irmão como emissária ao governador português em uma conferência de paz, em Luanda em 1622, com o objetivo de que os portugueses retirassem uma fortaleza que haviam construído em terras Mbundu, e que devolvessem alguns dos súditos de seu irmão que haviam sido capturados e pusessem fim aos saques de bandos de portugueses.
quarta-feira, 30 de abril de 2025
A mesma pessoa sem hormônios vs. com testosterona vs. com estrogênio
Traduzido de Stephenie Magister
Nunca é tarde para começar a terapia hormonal correta
Recém-saída do meu óvulo, enfrentei um medo comum.
Não é apenas um medo que as pessoas com experiências trans enfrentam.
Eu comecei tarde demais?
Em outras palavras... é tarde demais para finalmente ser você mesma?
Em um sentido amplo, todos nós fazemos uma transição. Nós descobrimos qual é o nosso gênero e como expressá-lo. Na prática, os homens buscam todos os tipos de terapias de afirmação de gênero. E as mulheres também.
Inclusive pessoas esquisitas como eu.
Gostaria de levá-los em uma breve jornada sobre o quão estranhos foram meus anos estranhos. Alguns desses anos passei com cara de bebê, mas fui levado pela androginia. Alguns desses anos foram abastecidos com testosterona e chegaram ao topo dos pódios dourados (mas falsos) do levantamento de peso. Os melhores desses anos foram tocados pelo estrogênio e pelos carinhos de cachorrinho.
Sem hormônios (de 0 a 22 anos)
quarta-feira, 5 de março de 2025
Ensaio o Retorno - Vi Oliver
quarta-feira, 3 de janeiro de 2024
Tudo o que você precisa saber sobre Femboys
Traduzido de God of Porn
Homens que viveram no crepúsculo do gênero
Femboys, também chamados de crossdressers (ou homens femininos) ou indivíduos que não se conformam com o gênero, são homens e garotos que desafiam as expectativas da sociedade ao admitir seu lado feminino por meio da moda, aparência e comportamento. O termo “femboy” é uma combinação de “feminino” e “menino” e abrange uma forma específica de expressão de gênero.
A cultura Femboy tem uma história rica, que remonta a civilizações antigas onde o travestismo era uma forma generalizada de expressão artística. Nos últimos anos, a ascensão da tecnologia e da Internet trouxe mais atenção à comunidade femboy, permitindo-lhes se conectar, partilhar experiências e destacar a sua visão única da feminilidade.
O objetivo deste artigo é fornecer uma compreensão mais abrangente da experiência femboy. Ao mergulhar em experiências em primeira mão, moda e estilo, e nos obstáculos enfrentados na sociedade, pretendemos obter uma compreensão mais aprofundada deste mundo diverso e colorido. Nosso objetivo é desafiar estereótipos, defender a aceitação e celebrar a expressão única da feminilidade na masculinidade.
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
10 desafios para evoluir no crossdressing
Traduzido de Roanyer
Como crossdresser, você não precisa se limitar a apenas se montar por um tempo escondido e depois voltar à sua vida normal. Vestir-se e maquiar-se é emocionante nos primeiros dias, mas depois de um certo tempo começa a ficar chato e menos satisfatório.
Para realmente aproveitar a experiência de crossdressing, é importante não apenas usar roupas femininas, mas também adotar comportamentos femininos e incorporá-los em sua vida diária.
Neste artigo vou propor 10 desafios para você ter uma experiência completa de feminização e potencializar a emoção do seu crossdressing.
1. Faça uma transformação completa
Vamos começar com um desafio fácil que envolve uma transformação completa de homem para mulher, incluindo peruca, maquiagem e um vestido sexy. Se você ainda não experimentou isso, confie em mim – você vai se apaixonar pelo seu lado feminino! Para iniciar sua transformação, comece tomando um banho relaxante para acalmar os nervos.
Por se tratar de uma transformação de corpo inteiro, tudo em seu corpo precisa ser feminino, começando pela roupa íntima. Escolha seu conjunto de calcinha e sutiã favorito, ele precisa te servir bem e pode complementar a sua roupa. Quando se trata de crossdressing, não pule a lingerie – ela pode fazer toda a diferença na sua experiência. Em seguida, selecione uma roupa feminina e sexy que incorpore todos os elementos do vestuário feminino. Se for a sua primeira vez, não se contente com um lookinho básico – vá com tudo! Experimente um vestido curto colado ao corpo que mostre suas curvas e combine-o com meia-calça e salto alto ou botas.
Um dos elementos que considero como o mais importante da transformação é uma peruca bonita e feminina. Escolha uma cor que complemente o seu estilo, mas se certifique de que o estilo seja o ideal para criar um look feminino. Agora é a hora da maquiagem. Se você não tem certeza de como se maquiar, pode seguir um tutorial básico no YouTube, mas não pule esta etapa! Apenas um lápis, rímel e batom podem transformar completamente o seu visual. Para completar sua aparência feminina, adicione alguns acessórios como colar, pulseiras e brincos.
2. Use lingerie sob roupas masculinas
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Atores que fizeram crossdressing em filmes
Traduzido de Roanyer
O crossdressing sempre foi um tema popular e recorrente nos filmes, sejam atores masculinos se vestindo como personagens femininos em filmes de comédia ou atrizes interpretando personagens masculinos em dramas. Às vezes, o crossdressing é apenas um subtrama do longa metragem, enquanto em outros casos a história inteira gira em torno dos personagens que se travestem.
Esses filmes não apenas divertem o público, mas também aumentam a conscientização sobre questões transgênero, diversidade de gênero e sexualidade. Inúmeras dessas atuações deixaram um impacto duradouro no público devido às suas excepcionais habilidades de atuação e à dedicação com que interpretaram personagens de gênero oposto aos seus.
Neste artigo celebraremos algumas dessas performances onde atores e atrizes se travestiram para desempenhar seus papéis na telona.
Atores que se travestiram em filmes
Cillian Murphy no filme “Café da Manhã em Plutão” (2005)
O ator extremamente talentoso Cillian Murphy se montou para interpretar o papel de uma garota travesti chamada Patricia "Kitten" Braden no longa-metragem. O filme é sobre a jornada de Kitten em Londres para encontrar sua mãe, durante a qual ela se junta a uma banda de rock, trabalha com um mágico, se torna prostituta e trabalha como dançarina. A atuação de Cillian foi tão convincente que fiquei chocado quando o vi pela primeira vez em cena. Ao longo do filme, ele permaneceu no personagem e parecia uma verdadeira garota transgênero e, meu Deus, Cillian parecia uma diva em trajes e maquiagem.
Yoo Seung Ho em “Seondal” (2016)
Acredito que os homens coreanos estão redefinindo a masculinidade, abraçando a cultura do florista ou do homem feminino. É comum ver rostos barbados com maquiagem, cabelos tingidos e com roupas femininas na cultura pop coreana, com atores liderando a tendência. Yoo Seung, no filme Seondal, é um exemplo perfeito disso. Ele interpretou um vigarista que se disfarçou de mulher e fez isso tão bem que deixou as pessoas maravilhadas com sua beleza e glamour. Ele ficou incrível em traje feminino tradicional coreano, tornando difícil distinguir se ele era homem ou mulher. Acho que por causa da genética, o corpo dos homens coreanos é bem propício para o crossdressing, e se você gosta de crossdressing, este filme é imperdível para você!
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
25 belas transformações de homem para mulher
Traduzido de All About CD
As pessoas que aparecem nessas fotos mudaram completamente o visual usando maquiagem, modeladores corporais e, claro, suas habilidades para se transformarem em mulheres fabulosas. Essas produções podem realmente mudar a aparência de uma pessoa, especialmente aqueles que estão interessados na transformação de homem para mulher, como crossdressers, drag queens, gênero fluido e meninas trans.
Aqui estão algumas das melhores fotos de transformação de homens que usaram maquiagem, lindos looks femininos e acessórios, para transformarem seu visual e parecerem lindas mulheres. Devo dizer que fiquei muito entusiasmado!
Aqui estão 25 belas fotos de transformação de homem para mulher que vão deixar você bastante impressionado (e quem sabe inspirado).
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
Ensaio Outono en femme - Vi Oliver
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
29 Coisas de mulher que os homens deveriam começar a fazer
Traduzido de Bored Panda
Em 2017, uma pesquisa do Pew Research Center – um banco de dados apartidário que traz informações sobre questões, atitudes e tendências que moldam o mundo – estabeleceu que a maioria dos americanos acredita que homens e mulheres são notavelmente distintos em várias coisas: como eles expressam seus sentimentos, suas habilidades físicas, hobbies e interesses pessoais e suas abordagens para a criação dos filhos.
Eu sei que, na realidade, isso não deve ser uma grande surpresa para você. Embora homens e mulheres venham do mesmo planeta – e não de Marte e Vênus como muitos gostam de citar – ainda somos bem diferentes. No entanto, o que é péssimo é que muitas dessas diferenças são influenciadas por costumes bastante tóxicos da nossa sociedade. Então, graças ao Reddit e seu conteúdo diversificado, hoje vamos aprender sobre as atividades consideradas "femininas" que os homens definitivamente deveriam começar a praticar.
“Quais coisas de mulher que os homens deveriam começar a fazer?” – agora em dezembro de 2022 uma internauta recorreu a uma das comunidades mais informativas e instigantes do Reddit, pedindo a seus membros que listassem algumas coisas estereotipadas de mulheres que os homens deveriam começar a fazer. O tópico conseguiu reunir mais de 34 mil votos positivos em apenas uma semana, bem como 22,5 mil comentários contendo algumas sugestões excelentes. Confira a seguir 29 respostas selecionadas.
#1 Os homens deveriam começar a denunciar assédio sexual feminino e o assunto não deveria ser tratado como chacota por parte da polícia.
#2 Eu (homem) comecei a carregar uma bolsa há uns anos atrás e nunca voltei atrás. Eu sou um novo homem. Hálito fedorento? Boom, aqui está um chiclete. Dor de cabeça? Boom aqui está uma pílula. Telefone apagou? Boom aqui está um carregador. Minha bolsinha carrega tanta coisa e já me salvou tantas vezes!
#3 Não presumir que bondade e cortesia sejam por atração sexual ou romance.
#4 Ser mais consciente e buscar ajuda para manter a saúde mental
quarta-feira, 21 de dezembro de 2022
Ensaio Cabana do Anhangava - Vi Oliver
Estou aqui de volta com uns looks de Homem Feminino para vocês!
Dessa vez eu estive em uma Cabana no meio da floresta na base do Morro do Anhangava na cidade de Quatro Barras, um espaço turístico bem interessante para quem gosta de se aventurar em trilhas. Eu até gosto, mas nesses dias eu só fiquei de boa me montando dentro e em volta da cabana.
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Ensaio vista para o Lago - Vi Oliver
Voltando com a programação de ensaios e produções, vim trazer as fotinhas que capturei durante o feriado da Independência. Apesar do clima político eleitoral dominar o nosso país, consegui fugir para o mato, me esconder da bagunça e aproveitar o feriado com produções divertidas, além de descansar um pouco.
Não sei se vocês repararam, mas recentemente eu mudei o meu "nome social" online de Samantha Oliver para Vi Oliver e ainda não comentei sobre o assunto. Faz tempo que eu vinha me questionando sobre isso uma vez que adotei Samantha não por me identificar com o nome, mas por que eu precisava esconder a minha verdadeira identidade quando comecei a exibir o meu lado crossdresser online lá por 2006.
Naquela época não se falava sobre identidade de gênero, tão pouco sobre pessoas transgênero ou não binárias. Na real nem as drag queens estavam na moda antes da RuPaul começar o Drag Race dela em 2008, então confesso que eu tinha medo de ser reconhecido e acabar sofrendo alguma consequência por conta do preconceito enraizado na nossa sociedade.
De lá pra cá muita coisa mudou e não tenho mais medo de mostrar meu instagram @violiverbr para as pessoas que conheço pessoalmente. Inclusive ainda me surpreendo com algumas pessoas que passaram a me seguir como amigos e familiares. Sendo assim, não fazia mais sentido eu me esconder atrás desse nome, por isso mudei pra Vi Oliver pois me chamo Victor Oliveira (gosto do meu nome e não tenho pretensão de mudá-lo).
Talvez eu escreva mais sobre isso em um outro artigo, por enquanto deixa eu mostrar as fotinhas e os looks para vocês!
A começar com esse vestido curto com estampa azul escuro da marca My Place.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
Ensaio brisa de verão - Samantha Oliver
Recentemente aconteceu um pequeno milagre por aqui: fez uma semana de sol enquanto eu estava curtindo as minhas férias pelo interior do Paraná! Haha, sei que parece exagero da minha parte, mas eu não consigo nem lembrar a última vez que eu tive a oportunidade de pegar sol por 5 dias consecutivos, até teve ano que eu passei sem nem conseguir pegar sol direito, então isso pra mim é um grande acontecimento.
Sendo assim, eu não pude perder a oportunidade de tirar umas fotinhas novas! O único porém é que eu não consigo funcionar direito quando a temperatura está acima de 30ºC, então nesse ensaio eu tive que abandonar a peruca a maioria do tempo por que estava impossível de aguentar o calor, mas sinceramente acho que de agora em diante a minha tendência é usar menos peruca e deixar a minha aparência mais natural.
quarta-feira, 20 de outubro de 2021
Ensaio Casa da Lagoa - Samantha Oliver
Como de costume, eu trago hoje um dos meus posts favoritos! Confiram meu último ensaio com 3 looks que me deixaram bem à vontade com o meu corpo e cujo resultado final me agradou demais. Dessa vez eu achei um espaço bem rústico em Bacaiuvas do Sul com uma beleza natural incrível.
quarta-feira, 26 de maio de 2021
Ensaio com 4 looks para crossdressers na Vila Franca - Samantha Oliver
Vim trazer para vocês mais um ensaio com algumas ideias de looks pensados especialmente para crossdressers. Meu estilo tem se desenvolvido bastante nos últimos anos e me sinto confortável nesse rumo.
Para começar um look bem esportivo. Na real para ser esportivo mesmo eu teria que trocar esse saltão da Pleaser por um tênis, mas gosto tanto desse modelo que não vou abrir mão. Se bem que eu sou praticante de pole dance a alguns anos e esse tipo de salto muitas vezes faz parte da prática, então acho que não estou muito longe dos esportes assim!
quarta-feira, 21 de abril de 2021
Travestismo pode ser considerado um transtorno ou uma doença?
Quem acompanha o blog deve perceber que eu vejo o meu crossdressing mais como uma característica de estilo pessoal ou de identidade própria do que qualquer outra coisa. No entanto, já postei aqui artigos falando sobre o crosdressing como um fetiche assim como a feminização como um fetiche e, em ambos os casos, a medicina entende o comportamento como um tipo de parafilia, mas será que ele pode ser considerado um transtorno ou uma doença?
Primeiro vale dizer que parafilias, conhecidas como “interesses sexuais invulgares”, são definidas clinicamente como “qualquer outro interesse sexual intenso e persistente que não o interesse na estimulação genital ou carícias preparatórias consentidas com parceiros humanos, fenotipicamente normais e fisicamente adultos”. Ou seja, qualquer fetiche ou comportamento sexual que desvia da norma são considerados como um tipo de parafilia. Além de que, é frequente algum grau de variação nas relações sexuais e nas fantasias de adultos saudáveis. Quando as pessoas concordam mutuamente em praticá-los, os comportamentos sexuais pouco habituais que não causam prejuízo podem integrar uma relação amorosa e carinhosa.
Por outro lado, quando os comportamentos sexuais causam angústia ou são prejudiciais ou interferem com a capacidade da pessoa de desempenhar funções em atividades rotineiras, eles são considerados um transtorno parafílico. A angústia pode resultar das reações de outras pessoas ou da culpa da pessoa por fazer algo socialmente inaceitável. Os transtornos parafílicos podem comprometer seriamente a capacidade de atividade sexual afetuosa e recíproca. Os parceiros das pessoas com um transtorno parafílico podem sentir-se como um objeto ou como se fossem elementos sem importância ou desnecessários na relação sexual.
Sendo assim, travestir-se em si não é um distúrbio (longe disso), mas travestir-se para experimentar uma intensa excitação sexual pode ser, principalmente se causar prejuízo significativo à pessoa ou à terceiros. Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5.ª edição), uma das bases de diagnósticos de saúde mental mais usadas no mundo, um indivíduo com Transtorno Transvéstico sofre de ansiedade, depressão, culpa ou vergonha por causa de sua necessidade de se travestir. Esses sentimentos geralmente são resultado da desaprovação de pessoas próximas ou de sua própria preocupação com ramificações negativas sociais ou profissionais.
Alguns estudiosos acreditam que o Fetichismo Transvéstico deve ser excluído da Classificação Internacional de Transtornos (CIT) na próxima revisão, embora ainda seja verdadeiro que algumas pessoas se transvestem de modo compulsivo e se sintam angustiados e prejudicados por seu comportamento.
quarta-feira, 7 de abril de 2021
Retrato íntimo e glamouroso de mulheres trans na Paris dos anos 60
Gosto muito quando eu encontro fotos e histórias do passado que deixam claro que o movimento transgênero não é "novidade da geração mimimi". Já trouxe aqui coleções antigas como as fotos da Casa Susanna e a exposição Uma história secreta de Cross-Dressers. Dessa vez encontrei o trabalho do fotógrafo Christer Strömholm que registrou o cotidiano das mulheres trans com quem ele conviveu em Paris durante década de 1960.
“Essas são imagens de pessoas cujas vidas compartilhei e que acho que compreendi. Estas são imagens de mulheres – nascidas biologicamente como homens – que chamamos de 'transexuais'. Quanto a mim, eu as chamo de 'minhas amigas da Place Blanche'. Era então – e ainda é – sobre como obter a liberdade de escolher a própria vida e própria identidade", escreveu Strömholm na época da publicação das fotos.
As fotografias em preto e branco, tiradas à noite com a luz disponível, mesclam fotografias de rua e retratos e são, por sua vez, glamourosas e corajosas. Elas capturam uma Paris perdida, desprezível mas elegante, subterrânea mas extravagante, em uma época em que o General de Gaulle estava no poder e pretendia criar uma França ultraconservadora que ecoasse seus estritos valores católicos romanos. Nessa época as travestis eram consideradas foras da lei, regularmente abusadas e presas pela polícia por serem “homens vestidos de mulher fora do período de carnaval”.
![]() |
Nana. Paris, 1959 |
As fotos tiradas por Christer Strömholm das mulheres com quem ele conviveu compõem um retrato íntimo e sensível de mulheres transgênero décadas antes do movimento ter qualquer visibilidade popular.
O senso de família de Strömholm foi desbotado de maneira sombria pelo suicídio do seu pai e pelo novo casamento de sua mãe com um rico corretor de navios. Quando foi para Paris, ele abdicou o seu status de burguês e se juntou a um grupo de mulheres transgênero desamparadas que viviam na região da Place Blanche de Paris, praça onde se encontra o famoso cabaré Moulin Rouge, e que rapidamente se tornariam seu clã adotivo. “Essa era a família dele, essas garotas”, disse seu filho Joakim Strömholm.
Suas amizades verdadeiras eram com “as pessoas mais indesejadas de Paris”, acrescenta Joakim. “Ele enxergou a beleza delas. Não foi nada voyeurístico, escandaloso, foi apenas uma vida normal que ele seguiu ”.
![]() |
Cobra. Paris, 1960 |
![]() |
Kismie. Paris, 1962 |
![]() |
Sabrina. Paris, 1967 |
As fotos permaneceram guardadas até 1983, quando foram publicadas como um livro, “Les Amies de Place Blanche” (“As amigas da Place Blanche”). Começa com uma breve introdução escrita pelo fotógrafo: “Este é um livro sobre insegurança. Um retrato de quem vive uma vida diferente na grande cidade de Paris, de pessoas que suportaram a aspereza das ruas. ... Este é um livro sobre a busca da identidade própria, sobre o direito de viver, sobre o direito de possuir e controlar o próprio corpo.”
Strömholm morava nos mesmos hotéis que as mulheres que fotografou. Ele comeu com elas, bebeu com elas, saiu para a cidade com elas. Ele levava sua câmera Leica e alguns rolos de filme quando saíam à noite e, ao voltar para o hotel, os revelava em seu quarto. “Se as fotos estivessem mal expostas ou se eu tivesse cometido um erro técnico, não importava. Eu ainda teria outras noites pela frente ”, escreveu ele.
quarta-feira, 24 de março de 2021
Introdução ao BDSM
Bom, não posso afirmar que sou especialista em BDSM, no entanto já tive alguma experiência prática e garanto que li muito sobre o tema. Sempre que eu busco informações a respeito de crossdressing e suas origens eu acabo passando por grupos relacionados às práticas de BDSM, inclusive já citei alguma coisa por aqui quando falei sobre o fetiche de bondage, o fetiche de feminização e gaiola peniana, fora as HQs Boneca da Raan e Inversão de Papéis que fazem diversas referências ao assunto. Mas o que significa essa sigla e por que as pessoas logo pensam em coisas como roupas de couro e chicotes?
O BDSM se trata de um termo guarda-chuva que agrupa atividades fetichistas e práticas estimulantes (nem sempre sexuais). A sigla vem de Bondage/Disciplina (práticas de restrição física, treinamento, punição, etc), Dominação/Submissão (práticas de obediência, troca de poder, veneração, etc) e Sadismo/Masoquismo (atividades com dor, degradação, medo, etc). Ao longo do tempo o BDSM foi agregando outros desviantes similares, então além dos seis grupos citados na sigla ainda tem outras várias atividades relacionadas ao termo (voyeurismo, não monogamia, práticas primitivas, etc). É importante ressaltar que se trata de uma atividade consensual que respeita os direitos fundamentais de cada ser humano envolvido, isso afasta o termo de qualquer tipo de abuso sexual ou doméstico.
Eu estava preparando outro artigo a respeito do tema mas percebi que seria necessário introduzir diversos assuntos antes então preferi trazer primeiro esse guia básico sobre BDSM que encontrei no site do BuzzFeed americano.
![]() |
Dominadora profissional |
Traduzido de BuzzFeed
Esqueça o que você viu em Cinquenta Tons de Cinza. Aqui está a sua verdadeira
cartilha de iniciação ao BDSM.
1. Começando do básico: a origem do termo BDSM:
BDSM inclui bondage e disciplina (B&D), dominação e
submissão (D&S) e sadismo e masoquismo (S&M). Os termos são agrupados
dessa forma porque BDSM pode ser diversas coisas diferentes para pessoas
diferentes com preferências diferentes, disse a escritora e educadora de BDSM
Clarisse Thorn (autora de "The S&M Feminist"), ao BuzzFeed Life. Na maioria
das vezes, os interesses de uma pessoa se enquadram em uma ou duas dessas
categorias, ao invés de todas elas de uma vez.
2. Nem sempre envolve sexo, mas pode.
A maioria das pessoas pensa que o BDSM está ligado diretamente ao
sexo. Embora possa ser verdade para algumas pessoas, outras afastam essa hipótese completamente. “Ambas são experiências corporais muito intensas e sensuais e
causam sentimentos muito fortes nas pessoas que as praticam, mas não são
a mesma coisa”, diz Thorn. Ela usa uma metáfora para isso: uma massagem. Às
vezes, uma massagem, por mais sensual que seja, é apenas uma massagem. Para
outros, uma massagem quase sempre leva ao sexo. É algo parecido com o BDSM; é uma
questão de preferência pessoal e sexual dos praticantes.
![]() |
Bondage – restrição de movimentos |
3. Não há nada de errado com as
pessoas que praticam e o consentimento é regra.
Este é um dos equívocos mais comuns e frustrantes sobre o
BDSM, diz Thorn. BDSM não é algo que surge de abuso ou de violência doméstica, e
se envolver nele não significa que você gosta de abusar ou de ser abusado.
Em vez disso, desfrutar do BDSM é apenas uma faceta da sexualidade e do estilo de vida das pessoas. “São apenas pessoas comuns que se desfrutam desse jeito”, disse a especialista em sexo Gloria Brame (autora de Different Loving) ao BuzzFeed Life. "São seus vizinhos, seus professores e as pessoas que empacotam suas compras. O maior mito é que você precisa desse conjunto circunstâncias pesadas, quando na verdade são apenas pessoas comuns que precisam dessa atividade para a sua dinâmica íntima."
4. Saiba que você sempre pode dizer não.
“Muitas pessoas no início pensam que é 'tudo ou nada',
especialmente se você só esteve com um parceiro”, diz Thorn. Por exemplo, você
pode pensar que por gostar de ser submisso em certas circunstâncias isso
significa que você deve sempre concordar com qualquer comportamento submisso ou
masoquista dos quais você não necessariamente gosta.
Mas isso está absolutamente errado. Você pode e deve escolher quais atividades relacionadas ao BDSM que você está ou não interessado, diz Thorn. E isso pode variar dependendo da situação, do parceiro ou até do seu dia. Lembre-se de que o consentimento é um requisito básico do BDSM, e é possível consentir com algo enquanto ainda se opõe a outro.
![]() |
Dominação, restrição e Whipping (chicotadas) |
quarta-feira, 17 de março de 2021
Harry Styles na capa da Vogue é um sinal de esperança
A capa da edição de dezembro de 2020 da revista Vogue americana, uma referência conceituada no que diz respeito ao mundo da moda e lifestyle, deu destaque ao cantor de 26 anos Harry Styles. O ex-integrante do grupo One Direction foi entrevistado e participou de uma sessão de fotos. Ah sim, já ia me esquecendo de um mero detalhe, ele também se tornou o primeiro homem a estampar sozinho a capa da revista nos seus 128 anos de existência. E o melhor: usando um vestido.
O post que eu traduzi na semana passada falando sobre o quão entediante é a moda masculina foi publicado em Julho de 2017 e concluiu o texto falando que "seria bom se, nos próximos anos, essa situação mudasse e os homens, e a moda masculina, começassem a receber dicas do mundo da moda feminina". Bom, creio que essa capa seja um sinal positivo para os anseios do autor (e para os meus também).
Ao longo da entrevista, feita pelo jornalista Hamish Bowles, a voz de Watermelon Sugar refletiu sobre relacionamentos, falou sobre o período de quarentena, sobre seu senso de estilo impar e sobre práticas de meditação que o ajudam à preservar a saúde mental. Aqui eu vou focar na parte do estilo dele.
![]() |
One Direction em 2012 |
Pode-se dizer que houve uma transição da imagem de galã de boyband, que ele passava quando estava no One Direction, até o ponto atual de fashionista desconstruído. Na entrevista ele conta que esse processo de evolução começou quando ele conheceu o estilista Harry Lambert. “Ele simplesmente se diverte com roupas, e foi daí que eu tirei isso” disse Styles sobre Lambert. “Ele não leva isso muito a sério, o que significa que eu não levo muito a sério.”
![]() |
Harry Styles e o estilista Harry Lambert |
E complementa: "Você nunca poderia se vestir demais. Não existe esse tipo de coisa. As pessoas que eu sempre admirei na música – Prince, David Bowie, Elvis, Freddie Mercury, Elton John – eles são tão showmens. Quando criança, isso era completamente alucinante. Agora vou vestir algo que pareça realmente extravagante, e não me sinto maluco por usar isso. Eu acho que se você conseguir usar algo que te faz se sentir incrível, é como uma roupa de super-herói. As roupas existem para se divertir, experimentar e brincar. O que é realmente empolgante é que todas essas linhas estão simplesmente se fragmentando. Quando você ignora que 'há roupas para homens e há roupas para mulheres', uma vez que você remove essa barreira, obviamente você expande a arena na qual você pode jogar. Às vezes eu vou às lojas e me pego olhando para as roupas das mulheres pensando o quanto elas são incríveis. É como qualquer outra coisa – sempre que você coloca barreiras na sua própria vida, você está apenas se limitando. Há tanta alegria em brincar com roupas. Eu realmente nunca pensei muito sobre o que isso significa – simplesmente se torna extensão da criação de algo. ”
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
Ensaio em Piraquara - Samantha Oliver
Estou passando por aqui para apresentar o meu último ensaio fashion! Fiquei uns dias numa chácara com uma vista linda para a Represa de Piraquara e aproveitei a estadia para tirar minhas roupas do armário e fazer umas fotinhas novas. Espero que vocês gostem do resultado e das dicas ♥