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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A dificuldade de ser um cara afeminado em um escritório heteronormativo

Traduzido de Very Good Light

Eu sempre podia ver isso em seus rostos.

Eu temia isso. Eu falava no que era o meu tom mais baixo e antinatural e observava como um breve momento de realização cruzava em seus rostos, seguido por risadinhas abafadas e, em seguida, amizade educada neutra ou desprezo, dependendo de quem eu estava me apresentando.

No meu tom de voz mais baixo, eu parecia uma Paris Hilton imitando uma tuba tocando “9 to 5” da Dolly Parton. Como um relógio, a temida pergunta surgia, às vezes durante uma conversa e outras vezes durante uma amizade de anos.

"Você é gay?"

Para mim, a vergonha não era, e não é, necessariamente em ser gay, mas na interpretação social de minha feminilidade inerente ou falta percebida de masculinidade “aceitável”.

Eventualmente, a resposta para essa pergunta irritante passou de “não” para “sim” para “por que mais eu estaria no Grindr?” Eu abraço minha sexualidade totalmente, nunca vacilando em minha própria autoaceitação. Afinal, é algo que eu não poderia mudar. Minha feminilidade, por outro lado, parece uma maldição. Por muito tempo, tudo o que eu queria era mudar isso.

Eu sou de uma pequena cidade de Ohio, e tudo o que fiz no ensino médio parecia estar sob um microscópio, minha expressão – tom, voz – sempre em discussão. O que me deixou mais nervoso e ansioso na época foi que, assim que as pessoas, incluindo professores na escola e adultos em posições de poder, ouviam minha voz ou testemunhavam minha apresentação estética, eles me descartavam. Eu teria que trabalhar muito mais do que os outros alunos para ser elogiado ou reconhecido.

Para muitos, a feminilidade é uma característica repugnante nos homens.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

De menino afeminado a homem gay-heteronormativo

O texto a seguir fala sobre a dificuldade que alguns homens homossexuais tem de aceitar e assumir na vida adulta o seu lado afeminado (ou feminino?) para a sociedade. Quando li, eu senti que os questionamentos dele podem ser muito bem replicados para crossdressers, transgêneros, não-binários e queers, pois esse paradigma de que todo humano com pênis tem que agir exclusivamente de um determinado jeito masculino afeta boa parte da comunidade LGBT.

Traduzido de Darren Stehle

O perdão e a auto-aceitação começam com a compreensão da nossa vergonha queer.

O perdão permite que você viva o agora, tenha a auto-estima para poder deixar seu passado e todas as transgressões que possa ter sofrido – mas não para tolerar ou esquecer as ações dos outros.

Os homens gays podem liderar a humanidade com um novo modelo de perdão através de sua própria auto-exploração da vergonha gay e da homofobia internalizada, evoluindo como homens que entendem e abraçam a dicotomia das energias masculinas e femininas.

Para muitos gays, tivemos que aprender a nos perdoar quando saímos do armário. Temos que nos perdoar por como maltratamos nossa identidade autêntica – fomos forçados, sem a capacidade de discernir de outra forma, as mentiras que nos convenceram de que éramos de alguma forma anormais, ou pecadores aos olhos de algum deus aleatório.

Não queremos nos machucar intencionalmente.

Como adultos, como gays vivendo fora do armário, podemos aprender a perdoar a homofobia como forma de aceitar que o que nos aconteceu vive no passado. Agora sabemos melhor; temos nossas próprias mentes e podemos forjar um novo caminho.

Ainda podemos lutar com o desafio de perdoar a homofobia quando somos levados a sentir a vergonha de como nos sentíamos quando vivíamos no armário – aquele período de tempo na adolescência em que não sabíamos como superar a culpa tanto externa quanto o dano auto-infligido.