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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

A falsa segurança de humilhar deliberadamente um crossdresser

Barbette (Vander Clyde, Broadway) se preparando para subir no palco.
Foto de Gustave Fréjaville, 2 de janeiro de 1923. Fonte: Domínio público.

Traduzido de Antonia Ceballos

Quando o intimidado se torna o valentão

Costumo correr em uma bela reserva natural com muitas trilhas de terra. Cada trilha leva a um destino: Outro caminho. Certamente, a maioria dos leitores estará familiarizada com esse tipo de parque. Um corredor ou caminhante pode começar em um dos vários pontos para fazer trilhas diferentes e chegar no mesmo lugar. Como diz o velho ditado do Império Romano, todos os caminhos levam a Roma.

Eu gosto da ideia de que, se você quiser, todas as trilhas levam à vagar.

Ao longo do caminho, todas essas rotas divergem, voltam e se cruzam, e às vezes duas ou três trilhas correm paralelas em diferentes elevações por um trecho. Algumas trilhas em subida levam ao topo de uma colina onde você pode passear um pouco enquanto aprecia a vista, e depois, como a trilha termina ali, você tem que voltar pelo mesmo caminho.

Outras trilhas permitem que você saia do parque em um local diferente daquele em que entrou. Pode-se argumentar que todos os caminhos levam ao mesmo destino, mas isso não é verdade. É realmente o que você decide ser o seu destino. É tudo uma questão de perspectiva individual. Uma pessoa pode seguir qualquer caminho para outro caminho que leva aonde quer ou ao longo de uma série de trilhas que o usuário decidiu que deseja seguir.

Ocasionalmente, eu quebro as regras e saio da trilha, forjo a minha própria ou faço uma trilha no mato apenas para, eventualmente, aterrissar em um caminho já desgastado.

Há dias em que posso preferir uma trilha a outra, mas nenhum dos caminhos deste parque é melhor ou pior, são todos diferentes com seus próprios destaques e qualidades. O problema é quando você se reúne com vários outros corredores e percebe que cada um tem a sua rota favorita. As minhas mudam diariamente, semanalmente ou sempre. Seja como for, viva e deixe viver, os outros seguem o caminho deles, eu sigo o meu, e se os nossos caminhos se encontrarem ou chegarem ao mesmo destino, ótimo!

Para mim, o caminho e o progresso ao longo dele, fazer o trabalho e ganhar a distância, me divertir caminhando, são meus únicos objetivos. Quando me preparo para sair, geralmente tenho uma ideia do meu destino e objetivo, mas isso muitas vezes muda à medida que sigo, assim é a vida.

Crossdressing foi meu caminho para entender minha transidade e não tenho vergonha de admitir isso.

Em um vácuo de apoio e comunidade, onde tudo o que eu tinha eram meus pensamentos sobre o desejo de ser uma garota e um desejo inexplicável de manifestar isso fisicamente, usar roupas femininas foi o que eu encontrei e adotei. Além disso, a maneira mais segura de aliviar minha disforia era dentro de um quarto trancado enquanto meus pais estavam fora de casa ou dormindo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A dificuldade de ser um cara afeminado em um escritório heteronormativo

Traduzido de Very Good Light

Eu sempre podia ver isso em seus rostos.

Eu temia isso. Eu falava no que era o meu tom mais baixo e antinatural e observava como um breve momento de realização cruzava em seus rostos, seguido por risadinhas abafadas e, em seguida, amizade educada neutra ou desprezo, dependendo de quem eu estava me apresentando.

No meu tom de voz mais baixo, eu parecia uma Paris Hilton imitando uma tuba tocando “9 to 5” da Dolly Parton. Como um relógio, a temida pergunta surgia, às vezes durante uma conversa e outras vezes durante uma amizade de anos.

"Você é gay?"

Para mim, a vergonha não era, e não é, necessariamente em ser gay, mas na interpretação social de minha feminilidade inerente ou falta percebida de masculinidade “aceitável”.

Eventualmente, a resposta para essa pergunta irritante passou de “não” para “sim” para “por que mais eu estaria no Grindr?” Eu abraço minha sexualidade totalmente, nunca vacilando em minha própria autoaceitação. Afinal, é algo que eu não poderia mudar. Minha feminilidade, por outro lado, parece uma maldição. Por muito tempo, tudo o que eu queria era mudar isso.

Eu sou de uma pequena cidade de Ohio, e tudo o que fiz no ensino médio parecia estar sob um microscópio, minha expressão – tom, voz – sempre em discussão. O que me deixou mais nervoso e ansioso na época foi que, assim que as pessoas, incluindo professores na escola e adultos em posições de poder, ouviam minha voz ou testemunhavam minha apresentação estética, eles me descartavam. Eu teria que trabalhar muito mais do que os outros alunos para ser elogiado ou reconhecido.

Para muitos, a feminilidade é uma característica repugnante nos homens.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Eu era uma pessoa preconceituosa e irritada com a causa transgênero

Sempre achei complicado apontar questões sobre transfobia de maneira geral pois sei que esse meu estilo de vida não é algo tão simples assim de se lidar, mesmo nos dias atuais. Tanto que, por exemplo, na primeira vez que eu participei de um encontro com outras crossdressers eu mesmo tive dificuldades de tratar as meninas no feminino. Na minha cabeça eu pensava "cuidado com os pronomes", mas a medida que a conversa fluía as palavras no masculino iam saindo involuntariamente.

O texto a seguir trás uma questão que ainda vai além. O autor confessa que no passado ele se dava ao trabalho de discutir com pessoas transgênero na internet pois considerava esse tipo de comportamento um absurdo. Até que chegou ao ponto em que ele questionou a origem dessa raiva dentro dele e notou ele mesmo tinha tendências transgênero e não sabia como lidar ou como se aceitar.

Traduzido de Terapeuta Trans

Na minha vida passada, eu era uma lésbica cisgênero. Foi um rótulo de identidade duramente batalhado por mim. Passei a maior parte da minha vida namorando caras e fui bastante feminina por um certo tempo antes de desejar demonstrar minha estranheza de forma mais aparente. Outras mulheres queer me dispensavam e questionavam se eu me sentia atraída por mulheres. Durante esse tempo, li blogs e artigos que focavam em mulheres queer, e inevitavelmente me deparei com o conceito de mulheres trans e pessoas transfemininas.

E eu fiquei furiosa.

Era difícil para mim imaginar ter algum conhecimento interno da identidade de gênero de alguém que não fosse baseado em características sexuais. Algumas mulheres trans descreviam suas experiências como se compartilhassem uma energia indescritível ou um companheirismo com outras mulheres que as apontassem sobre a sua própria identidade.

"Do que essas pessoas estão falando?" Eu pensava com frustração. "Não sinto algum tipo de energia compartilhada com outras mulheres. Na verdade, eu sempre me senti como se fosse de outra espécie. A única coisa que me diz que sou uma mulher são os meus órgãos genitais! Se eu acordasse amanhã com outro conjunto de genitais, eu seria tranquilamente um homem."

Entra então o meu futuro eu transmasculino: "Cara". Como você equipara não entender a ideia de “sentir-se” como uma mulher como uma razão para invalidar a existência de todas as mulheres trans e pessoas transfemininas? Isso não diz muito mais sobre você do que sobre qualquer outra pessoa?