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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Introdução à Feminização: Como travestir um homem

Faz muito tempo que eu venho postando artigos com dicas de feminização, mas em cada post eu sempre foquei em um determinado assunto e não lembro de ter postado nada compilando tudo isso. Deste modo, o artigo de hoje, escrito pela Claudia Tyler-Mae que crossdresser como eu, chegou em um bom momento pois foi possível relacionar diversos dos meus posts com dicas no decorrer do texto, sem contar que a explicação dela é sensacional, então aproveitem os conselhos!

Juliette Noir

Traduzido de Claudia Tyler-Mae

Quer fazer um homem parecer uma mulher? É mais fácil e mais difícil do que você imagina. Ironicamente, as mulheres costumam ser piores em transformar os homens, por motivos que comentarei em breve. No entanto, é possível obter resultados dramáticos com uma abordagem ligeiramente alternativa. Se você quer se transformar, ou quer ajudar alguém a se montar sem ficar horrível, apresento aqui estão algumas dicas bem úteis.

Quando os artistas aprendem a desenhar, primeiro eles são ensinados a desenhar os espaços em torno das coisas, ao invés das coisas em si. Essa ideia de "espaço negativo" os impede de desenhar o que eles acreditam que o objeto pareça e, em vez disso, os ajuda a se concentrar nos detalhes reais à sua frente. Temos um modelo mental realmente poderoso de como o mundo parece, que não é muito preciso, mas que enfatiza as coisas que nossos cérebros estranhos acham que são importantes. É por isso que desenhos animados podem ser fisicamente impossíveis, mas instintivamente "parecem certos".

O que isso tem a ver com travestismo?

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Crossdressers são Xamãs culturais

Xamanismo é um termo genericamente usado em referência às práticas etnomédicas, mágicas, religiosas (animista, primal), e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, transmutação e contato entre corpos e espíritos de outros xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos. Tais práticas buscam estabelecer uma ligação com o sagrado e o reencontro com os ensinamentos da natureza. Pode-se dizer que não tem origem em um determinado povo ou cultura pois é fruto de um fenômeno que ocorre no início do despertar da própria consciência humana, sendo, assim, uma herança de toda a humanidade. Tanto que é possível observar práticas similares em povos nativos espalhados por todo mundo.

No texto a seguir o Phil percebe nos crossdressers uma visão diferenciada do mundo. Nós tendemos a ignorar a cultura moderna de gênero e buscamos nos ligar aos nossos próprios sentimentos e nos expressarmos numa espécie de contra cultura. Talvez isso nos aproxime da nossa natureza. Talvez isso nos obrigue a ver a sociedade de uma maneira diferente. Talvez isso possa ser balela, mas achei interessante a relação que o autor encontrou e resolvi trazer o texto para vocês!

Traduzido de Phil

Os crossdressers são pessoas de outro mundo com uma visão especial?
Talvez não devemos ser tão facilmente descartados como... o que quer que você esteja pensando.

O status de "homem" ou "mulher", com seus privilégios e vulnerabilidades socialmente atribuídas, costuma ser defendido ferozmente na maioria das culturas (principalmente nas ocidentais). A primeira coisa que queremos saber sobre um bebê é seu sexo anatômico, e essa continua sendo a primeira coisa que queremos saber sobre as pessoas que conhecemos.

Se uma pessoa se aproxima, queremos saber imediatamente "é homem ou mulher?". Usamos as roupas como a principal referência, depois observamos a postura e o jeito de andar. À medida que se aproximam, avaliaremos seus outros comportamentos em relação às expectativas geralmente mantidas para homens e mulheres, ajustadas pelas expectativas que temos em relação à idade, classe ou etnia. Finalmente, notamos sua expressão facial e pequenos detalhes de cuidados se tornam importantes. Cada observação é checada contra as normas de seu gênero repetidamente para interpretação. Queremos saber – aproximadamente nesta ordem – estamos seguros fisicamente? Esta pessoa é de potencial interesse sexual? Essa pessoa poderia ser valiosa para nós?

Não é de se admirar que pensemos que a identidade de gênero e, portanto, a expressão facilmente decodificada, seja tão importante. Nossa vida depende disso!

Ou não é?
Pergunte a um crossdresser.

Tal como os xamãs, nós temos uma experiência diferente com os poderosos gênios do gênero. Não somos apanhados nas visões comuns de gênero que são grosseiramente imprecisas. Podemos perceber que a mitologia do gênero está cegando nossa sociedade para seu próprio recurso mais essencial: a verdade mais profunda de seu povo.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Revista O Terceiro Sexo, um pedaço perdido da história trans

Fiquei tão encantado pelo texto Meu primeiro passeio como mulher que publiquei na semana passada que resolvi buscar mais informações a respeito da revista alemã Das 3. Geschlecht publicada entre 1930 e 1932. Primeiro eu gostaria de citar o site The Weimar Project que está trabalhando para traduzir e publicar todas as edições em inglês e torná-las acessíveis para qualquer pessoa. Fora isso, achei outro texto que apresenta o contexto alemão da época e detalha bem a história do periódico. 

Traduzido de The Paris Review

Hans Hannah escreveu sobre o seu primeiro passeio para a edição inaugural de O Terceiro Sexo (Das 3. Geschlecht), provavelmente a primeira revista do mundo dedicada a questões trans. Publicado pela primeira vez em Berlim em 1930, O Terceiro Sexo circulou nos anos finais da República de Weimar, o experimento democrático do país alemão entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Depois que os nazistas tomaram o poder, eles destruíram a editora e a revista foi amplamente esquecida. Como resultado, a maioria dos relatos atuais cita os Estados Unidos dos anos 1950 como o berço dos periódicos trans. No entanto, a recente republicação em 2016 de O Terceiro Sexo pela Bibliothek rosa Winkel revive vozes perdidas do estranho passado alemão e recupera um notável pedaço da história trans.

A partir do século XIX, a Alemanha era intimamente associada à homossexualidade. Os ingleses falavam do german custom (costume alemão), os franceses se referiam ao termo vice allemande (vício alemão) e os italianos chamavam os homens e mulheres homossexuais de "berlinenses". Pessoas Queer existiam em toda a Europa, com certeza, mas os pensadores alemães naquela época estudaram ativamente as sexualidades não heteronormativas e debateram abertamente os direitos das pessoas queer, inaugurando o campo da sexologia. Na primeira década do século XX, mais de mil trabalhos a respeito de homossexualidade foram publicados em alemão. Pesquisadores da Inglaterra ao Japão citaram sexólogos alemães como especialistas e muitas vezes publicaram seus próprios trabalhos na Alemanha antes de publicar nos seus países de origem.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Retrato íntimo e glamouroso de mulheres trans na Paris dos anos 60

Gosto muito quando eu encontro fotos e histórias do passado que deixam claro que o movimento transgênero não é "novidade da geração mimimi". Já trouxe aqui coleções antigas como as fotos da Casa Susanna e a exposição Uma história secreta de Cross-Dressers. Dessa vez encontrei o trabalho do fotógrafo Christer Strömholm que registrou o cotidiano das mulheres trans com quem ele conviveu em Paris durante década de 1960.

“Essas são imagens de pessoas cujas vidas compartilhei e que acho que compreendi. Estas são imagens de mulheres – nascidas biologicamente como homens – que chamamos de 'transexuais'. Quanto a mim, eu as chamo de 'minhas amigas da Place Blanche'. Era então – e ainda é – sobre como obter a liberdade de escolher a própria vida e própria identidade", escreveu Strömholm na época da publicação das fotos.

As fotografias em preto e branco, tiradas à noite com a luz disponível, mesclam fotografias de rua e retratos e são, por sua vez, glamourosas e corajosas. Elas capturam uma Paris perdida, desprezível mas elegante, subterrânea mas extravagante, em uma época em que o General de Gaulle estava no poder e pretendia criar uma França ultraconservadora que ecoasse seus estritos valores católicos romanos. Nessa época as travestis eram consideradas foras da lei, regularmente abusadas e presas pela polícia por serem “homens vestidos de mulher fora do período de carnaval”.

Nana. Paris, 1959
Adaptado de New York Times

As fotos tiradas por Christer Strömholm das mulheres com quem ele conviveu compõem um retrato íntimo e sensível de mulheres transgênero décadas antes do movimento ter qualquer visibilidade popular.

Em 1959, Christer Strömholm, então um fotógrafo sueco pouco conhecido, encontrou seu caminho para Paris e para um grupo de pessoas que iriam transformar sua vida, e ele a delas.

O senso de família de Strömholm foi desbotado de maneira sombria pelo suicídio do seu pai e pelo novo casamento de sua mãe com um rico corretor de navios. Quando foi para Paris, ele abdicou o seu status de burguês e se juntou a um grupo de mulheres transgênero desamparadas que viviam na região da Place Blanche de Paris, praça onde se encontra o famoso cabaré Moulin Rouge, e que rapidamente se tornariam seu clã adotivo. “Essa era a família dele, essas garotas”, disse seu filho Joakim Strömholm.

Suas amizades verdadeiras eram com “as pessoas mais indesejadas de Paris”, acrescenta Joakim. “Ele enxergou a beleza delas. Não foi nada voyeurístico, escandaloso, foi apenas uma vida normal que ele seguiu ”.

Cobra. Paris, 1960
Kismie. Paris, 1962
Sabrina. Paris, 1967

As fotos permaneceram guardadas até 1983, quando foram publicadas como um livro, “Les Amies de Place Blanche” (“As amigas da Place Blanche”). Começa com uma breve introdução escrita pelo fotógrafo: “Este é um livro sobre insegurança. Um retrato de quem vive uma vida diferente na grande cidade de Paris, de pessoas que suportaram a aspereza das ruas. ... Este é um livro sobre a busca da identidade própria, sobre o direito de viver, sobre o direito de possuir e controlar o próprio corpo.”

Strömholm morava nos mesmos hotéis que as mulheres que fotografou. Ele comeu com elas, bebeu com elas, saiu para a cidade com elas. Ele levava sua câmera Leica e alguns rolos de filme quando saíam à noite e, ao voltar para o hotel, os revelava em seu quarto. “Se as fotos estivessem mal expostas ou se eu tivesse cometido um erro técnico, não importava. Eu ainda teria outras noites pela frente ”, escreveu ele.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Admiração pelas travestis

Fonte Muriel Total
Não sei vocês, mas eu sempre senti uma admiração pelas travestis e falo, inclusive, das meninas que optaram pela prostituição! Estive lendo essas tirinhas da Muriel e me lembrei das poucas vezes que tive algum contato com elas... sempre fiquei meio bobo e, de certa forma, morrendo de inveja xD

Durante a infância e adolescência foram pouquíssimas as vezes que tive a oportunidade de, ao menos, ver uma travesti. Meu contato nesse período se resumiu ao pouco que eu via na televisão, sendo normalmente apresentações de transformistas ou desenhos brincando com a imagem feminina (um salve para o Coelho Feminino).

Quando adulto eu passei numa universidade em Curitiba e vim morar próximo dela, bem no centro da cidade, e, deste momento em diante, acabei trombando com as meninas nos becos escuros do centro com uma certa frequência. Normalmente eu acabava meio hipnotizado e, como sou uma pessoa muito tímida, acabava só olhando/encarando/admirando sem nunca conseguir parar para ao menos dar um oi.

Se bem que, ia falar o que?
 "Oi moça, você é linda e eu queria ser como você"...?
Haha, até que não parece tão mal mas sei lá né...

Um bom tempo se passou e hoje as coisas estão um pouco diferente. Não só as vejo com mais frequência na rua durante o dia como também sou uma das loucas que sai montada por aí. Sei que ainda existe um risco em se expor, mas penso que somente essa exposição irá facilitar a nossa camuflagem no meio da sociedade. Falo em camuflagem por que não sou feminina para chamar a atenção de ninguém, sou feminina por que me sinto bem assim e só acabo chamando atenção por que ainda sou considerada diferente (seja lá o que for o normal).

Outro detalhe das tirinhas que eu adorei foi ver a Muriel vendo e tratando as travestis como igual (ehauehaueha, adorei a inocência do termo crossdressers selvagens), somos irmãs e deveríamos nos unir!! Não entendo por que umas ficam tentando se segregar das outras, é super comum ver comentários e posts tentando separar Travesti de Transexual de Crossdresser de Transgênero ou de qualquer coisa como se fôssemos completamente diferentes, sei que no fundo somos todas iguais!!

Claro que algumas desafiaram a sociedade e deram a cara a tapa cedo enquanto outras passaram a vida com medo atrás da máscara de homem. Algumas precisam modificar o próprio corpo para se sentir bem, já outras nem tanto. Algumas até nasceram com um corpo cheio de características do sexo oposto enquanto outras nasceram com uma bomba de hormônios do seu sexo biológico. Não podemos julgar o próximo por meros detalhes, ainda mais de aparência pois a vida é cheia de peculiaridades!

Sendo assim, gostaria de agradecer a todas as meninas que, de alguma forma, conseguem viver e se expor da maneira que vocês se sentem bem!! A coragem de vocês serve de inspiração para muitas de nós ♥ ♥ ♥