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quarta-feira, 3 de março de 2021

"Sexy, Sexy Drag Queen": Drag como Libertação, Drag como Fetiche, Drag como Vergonha

O texto a seguir é uma tradução do artigo do Joe Corr em que ele comenta como foi a experiência de sair pela primeira vez montado de drag e ser abordado sexualmente, isso o fez questionar sobre a imagem que ele passava de si mesmo ao se produzir.

Em diversos pontos do texto ele faz questionamentos sobre o Drag Queen que caberiam muito bem no crossdressing. Seria o crossdresing uma identidade sexual? Quando você se monta você se percebe como objeto de desejo? Já notou como a feminilidade costuma ser associada ao sensualismo? Confira isso e muito mais a seguir.

Traduzido de Joe Corr

Aos 17 anos, fui sexualmente abordado por um homem pela primeira vez na minha vida. Para complicar as coisas, foi no mesmo dia em que saí de casa pela primeira vez de Drag. Desde então, tenho lutado com os emaranhados confusos de gênero, sexo, fetichismo e vergonha que vêm de brinde por eu ser uma pessoa queer libertada e, ao mesmo tempo, um objeto de fetiche. Aqui, tento deixar de lado algumas dessas preocupações de uma vez por todas.

A Parada LGBT de Brighton de 2014 foi um dia de estreias para mim, marcando duas ocasiões históricas em minha própria linha do tempo. Foi nesse dia que saí de drag pela primeira vez. Depois de passar tanto tempo reunindo coragem para finalmente tomar a iniciativa, eu ainda me surpreendo com o conjunto que escolhi para minha primeira excursão. Minha referência drag é bagunçada, suja e áspera – estilo: Divine, Tranimals, Leigh Bowery e Christeene. Inspirando-me no lendário terrorista drag Fade-Dra Phey, eu montei um conjunto que poderia ser descrito como "Viagem ácida da dona de casa suburbana misturada com Leatherface de O Massacre da Serra Elétrica". Com pouca maquiagem, puxei uma meia-calça pela cabeça, com buracos feitos para revelar apenas um olho e meus lábios, que estavam manchados com sombra e batom em duas ou três pinceladas fortes. Usei a peruca loira mais horrível que encontrei (vestida de lado), um vestido floral de poliéster cortado curto e esfarrapado para que toda a minha bunda ficasse exposta e luvas de limpeza amarela com unhas de acrílico (para o toque necessário de glamour). Eu era uma visão, um terrível pesadelo de fluxo de consciência – e eu adorei. Mas a reação que obtive foi algo para o qual eu não estava preparado. Na verdade, fiquei tão impressionado com a quantidade de atenção (que variava de êxtase a irritação) que acabei pegando o ônibus para casa às 3 horas da tarde, com sapatos de salto alto nas mãos, soluçando baixinho por pura sobrecarga sensorial. Foi um exercício de construção de caráter, com certeza, mas que ajudou na minha formação.

Uma das inspirações do autor: Austin Young - The Tranimal Workshop

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Transgênero, crossdresser, travesti, drag queen, qual é a diferença?

Cada pessoa é um ser único, mas que tem características comuns a toda a humanidade. Nos identificamos com alguns e nos diferenciamos de outros por construções sociais, por exemplo: a região em que nascemos ou que crescemos, classe social, se temos ou não uma religião, idade, nossas habilidades físicas, entre outras que marcam a diversidade humana.

De fato existe uma similaridade entre as pessoas que utilizam esses termos do título do post, mas para tentar compreender as peculiaridades de cada caso eu vou utilizar o gráfico de Identidade de gênero, Expressão de gênero, Sexo biológico e Orientação sexual que eu apresentei no post Identidade de gênero e Orientação sexual - O que é você?.
Para lembrar, segue um resuminho:
- Identidade de gênero: o modo como o indivíduo se sente/se identifica;
- Expressão de gênero: o modo como a pessoa se expressa/se apresenta;
- Sexo biológico: a nossa marca genética, o XX ou XY do DNA (ou outros);
- Orientação sexual: por quem a pessoa sente atração afetiva/sexual.

Segue alguns exemplos, vale salientar que nada disso é regra. Aliás, vou focar principalmente em pessoas que nasceram com o sexo biológico XY porque é o meu caso e tenho mais proximidade, mas vale o mesmo para o sexo biológico XX.

Homem Cisgênero
Identidade de gênero: masculina
Expressão de gênero: masculina
Sexo biológico: XY - macho
Orientação sexual: Indiferente
Pessoas cisgênero são a maioria na nossa sociedade, são as que tem alinhado a identidade de gênero e expressão de gênero com o seu sexo biológico.

A orientação sexual é indiferente. Pode ser que um homem cis homossexual tenha uma expressão de gênero puxada para o feminino, mas pode ser que a sua expressão seja super masculinizada. Também pode ter um homem cis heterossexual que tenha uma expressão um pouco feminina, então nada é regra.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Drag Queens, as rainhas do crossdressing

Hoje em dia quando se fala em Drag Queen logo vem à nossa mente uma imagem fantasiosa de glamour e brilho. Tal percepção é provável que tenha relação direta com o reality show RuPaul's Drag Race que foi ao ar em 2009 e transformou a cultura underground em algo pop, mas essa arte é muito mais antiga e teve seus altos e baixos ao longo dos últimos séculos.
Cheguei a escrever um pouquinho sobre as Drags no post Crossdressing / Crossdresser / CDzinha pois essa arte de transformação nada mais é do que uma vertente do crossdressing que está intimamente ligada às artes performáticas. Nesse post vou me aprofundar na história dessas rainhas.

O início de tudo pode-se dizer que foi o teatro grego. O próprio teatro nasceu na Grécia Antiga (século VI a.C.) e, na época, somente homens podiam interpretar, então os personagens femininos eram vividos por atores homens com máscaras femininas, vale lembrar que as roupas ainda não distinguiam os gêneros direito. A situação se manteve assim por mais de 2 milênios, tanto que as peças de Shakespeare (século XVII d.C.) ainda eram interpretadas exclusivamente por homens.
Pintura: Hamlet recebendo os atores (1875) por Władysław Czachórski