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quarta-feira, 28 de junho de 2023

A realidade de ser mulher em um mundo transfóbico

Do filme A Garota Dinamarquesa (2015)

Traduzido de Chichi A

Existe algo que todas as pessoas que se identificam com mulheres têm em comum: a experiência de ser mulher socialmente. A diferença é que as mulheres cisgênero vivenciam essa bagagem muito antes das mulheres transgênero. Em um mundo hoje inundado de transfobia, meu coração sangra. Algumas ideologias feministas que poderiam proteger todas mulheres agora estão atuando de maneira excludente. Mas como é a vida sendo transgênero em um mundo machista? Vamos discutir sobre isso.

Quando crianças, nossos corações eram muito inocentes. Adorávamos os brinquedos e a atenção que nossos pais nos davam. Mas até as crianças reconhecem o gênero. Esse reconhecimento começa quando eles observam seus pais. O papai é mais masculino e a mamãe tem um fenótipo feminino mais suave. Normalmente, os pais também começam inculcando os papéis de gênero nas crianças por meio de palavras de afirmação como: “Você é a garotinha do papai” ou “Esse é o garotão do papai”. De fato as crianças são tratadas de forma diferente com base em seu sexo biológico. Se você reparar no mercado de brinquedos normalmente vai notar bonecas hiper-femininas e conjuntos de utensílios domésticos de brinquedo no setor rosa de meninas e bonecos de heróis hiper-masculinos e brinquedos de ciência e tecnologia no setor azul de meninos. A maioria das crianças se encaixa nesses papéis e comportamentos de gênero, no entanto outras não. Para aquelas crianças que não se encaixam nesse papel, a sociedade tende a excluí-las desde muito cedo. Inclusive isso está nas palavras que professores e colegas usam para descrevê-los. Se eles têm pais religiosos, eles enfrentam até mesmo ódio por suas identidades dentro de casa. As crianças transgênero ouvem palavras como: “Você é um menino, pare de agir como uma menina” ou “Você é uma menina, vá brincar com a sua boneca”.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Será que eu sou transfóbico(a)?

Traduzido de Rori Porter

Eu me assumi como transgenero em 2017 e, desde então, ouvi essa pergunta de muitas maneiras diferentes vindo de várias pessoas cis. Às vezes, é perguntado de boa fé pelas pessoas que estão apenas tentando melhorar. “Sou transfóbico? Por favor, me ensina."

Outras vezes, é combativo. "Sério? Você acha que eu sou transfóbico? Não tenho medo de pessoas trans!

Em primeiro lugar, sim. A maioria das pessoas que fazem essas perguntas são, de alguma forma, transfóbicas. Todos nós somos, inclusive eu, e é por isso que essas conversas são complicadas num primeiro momento.

É por isso que não gosto necessariamente de palavras como “transfobia” sendo usadas de maneira generalizada. Muitas pessoas, tanto bem-intencionadas quanto mal, ficam presas na parte da “fobia”, esquecendo que uma fobia pode ser um medo literal, mas também pode ser uma aversão, como na palavra “hidrofóbica”. A hidrofobia certamente pode se referir ao medo de água ou natação, ou pode se referir a uma substância que rejeita a água. Essa diferença atrapalha as boas discussões sobre o que significa ser exposto à anti-transidade ao longo de nossas vidas.

Aqui está a questão: vivemos em uma sociedade fundamentalmente transfóbica. O problema é sistêmico, com impactos de longo alcance no zeitgeist cultural das últimas centenas de anos, em graus variados ao longo de cada época.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Eu era uma pessoa preconceituosa e irritada com a causa transgênero

Sempre achei complicado apontar questões sobre transfobia de maneira geral pois sei que esse meu estilo de vida não é algo tão simples assim de se lidar, mesmo nos dias atuais. Tanto que, por exemplo, na primeira vez que eu participei de um encontro com outras crossdressers eu mesmo tive dificuldades de tratar as meninas no feminino. Na minha cabeça eu pensava "cuidado com os pronomes", mas a medida que a conversa fluía as palavras no masculino iam saindo involuntariamente.

O texto a seguir trás uma questão que ainda vai além. O autor confessa que no passado ele se dava ao trabalho de discutir com pessoas transgênero na internet pois considerava esse tipo de comportamento um absurdo. Até que chegou ao ponto em que ele questionou a origem dessa raiva dentro dele e notou ele mesmo tinha tendências transgênero e não sabia como lidar ou como se aceitar.

Traduzido de Terapeuta Trans

Na minha vida passada, eu era uma lésbica cisgênero. Foi um rótulo de identidade duramente batalhado por mim. Passei a maior parte da minha vida namorando caras e fui bastante feminina por um certo tempo antes de desejar demonstrar minha estranheza de forma mais aparente. Outras mulheres queer me dispensavam e questionavam se eu me sentia atraída por mulheres. Durante esse tempo, li blogs e artigos que focavam em mulheres queer, e inevitavelmente me deparei com o conceito de mulheres trans e pessoas transfemininas.

E eu fiquei furiosa.

Era difícil para mim imaginar ter algum conhecimento interno da identidade de gênero de alguém que não fosse baseado em características sexuais. Algumas mulheres trans descreviam suas experiências como se compartilhassem uma energia indescritível ou um companheirismo com outras mulheres que as apontassem sobre a sua própria identidade.

"Do que essas pessoas estão falando?" Eu pensava com frustração. "Não sinto algum tipo de energia compartilhada com outras mulheres. Na verdade, eu sempre me senti como se fosse de outra espécie. A única coisa que me diz que sou uma mulher são os meus órgãos genitais! Se eu acordasse amanhã com outro conjunto de genitais, eu seria tranquilamente um homem."

Entra então o meu futuro eu transmasculino: "Cara". Como você equipara não entender a ideia de “sentir-se” como uma mulher como uma razão para invalidar a existência de todas as mulheres trans e pessoas transfemininas? Isso não diz muito mais sobre você do que sobre qualquer outra pessoa?