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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Transição para uma mulher heterossexual

Traduzido de Amanda Roman

Eu sempre gostei de meninas, então presumi que seria uma mulher lésbica após minha transição de gênero. Eu estava errada.

No ensino médio, quando eu era um garoto que não conseguia entender por que me sentia tão compelido a me vestir e agir secretamente como mulher, comecei a me questionar se eu era gay. Sempre me senti atraído por garotas e até tive uma namorada em determinado momento, mas nenhuma outra explicação realmente fazia sentido. Então um dia decidi fazer uma experiência. Olhei para o garoto mais próximo de mim, que por acaso era um colega de trabalho cujo nome eu esqueci, e tentei imaginar como seria beijá-lo.

O experimento terminou antes mesmo de começar. No momento em que meus lábios mentalmente tocaram os dele, senti uma onda imediata de repulsa. Eu involuntariamente me encolhi. Houve uma sensação de pânico e depois um recuou. Uau, pensei. Definitivamente não sou gay. Graças a Deus.

Olhando para trás, me pergunto se repulsa foi realmente o que senti. Pode ter sido medo. Pode ter sido a mesma sensação calorosa e formigante que sinto quando me imagino beijando caras agora, que meu eu católico adolescente não entendia e estava com muito medo de reconhecer. Realmente não me lembro de nada além da reação visceral que isso me causou. O que quer que eu tenha sentido naquele momento, não foi apenas desinteresse passivo; foi uma rejeição ativa.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Como fica a identidade de gênero e sexual nos crossdressers?

Traduzido de En Femme Style

"Você é gay?"

Geralmente é a primeira pergunta que escutamos quando saímos do armário para alguém. Quero dizer, em retrospecto até faz sentido, mas na primeira vez que me perguntaram, fiquei surpreso. Qual é a conexão entre usar calcinha, vestidos e tudo mais e se sentir atraída por um homem? O que usar lingerie tem a ver com quem eu pretendo namorar? Alguém me disse uma vez que identidade de gênero é sobre o que você quer VESTIR para dormir, enquanto identidade sexual é sobre COM QUEM você quer estar na cama. Acho que isso resume bem a questão.

Mas acho que faz sentido que seja uma das primeiras coisas que nos perguntam, considerando como os crossdressers são normalmente retratados no cinema e na televisão. Quando eu era criança, qualquer personagem gay em um filme era abertamente extravagante e feminino. Drag queens geralmente são homens gays. As drag queens agem de forma feminina e parte dessa feminilidade é expressa através de como elas interagem e flertam com os homens. Por causa disso, quando alguém ouve falar de um cara que usa roupas femininas, não é de surpreender que eles se perguntem se ele é gay ou não. Não que haja algo de errado com isso, não me entenda mal.

Poucos de nós sentimos que quem somos e o que fazemos tem relação com o universo das drags. Muitas drag queens são absolutamente lindas e talentosas, e a atuação (em seus muitos aspectos) é algo relevante na vida de muitas drag queens. Quando estou en femme, não estou atuando. Eu não estou interpretando um personagem. Eu sou quem eu sou. Sou realmente quem eu sou quando a maioria das pessoas que conheço não está olhando.

Filmes e televisão mudaram (em grande parte) a maneira de retratar homens gays. Mas a internet não está nos fazendo nenhum favor. Quando me assumi para minha namorada (agora esposa), ela queria aprender e possivelmente entender pessoas como nós, então ela recorreu ao Google. Claro que ela foi inundada com muitas imagens de homens vestindo lingerie. Diversas dessas fotos eram puramente sexuais, mostrando um crossdresser tendo relações com um homem. Essas imagens alimentaram os medos dela. Não que ela seja homofóbica, de jeito nenhum. Mas ela estava preocupada que o homem por quem ela estava apaixonada fosse secretamente gay ou reprimisse sua sexualidade ou mesmo negasse.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Vivendo na pele de um Homem - Norah Vincent vs. Binarismo de Gênero

Traduzido de James Kirchick

O problema de gênero de Norah Vincent

As lições da falecida escritora sobre como quebrar o binarismo de gênero

Quando a escritora Norah Vincent decidiu viver como um homem para fins de um experimento jornalístico, ela esperava que sua vida fosse ficar mais fácil. Afinal, os homens desfrutam de muitos tipos de vantagens estruturais na sociedade americana, vantagens que Vincent explorou em seu livro "Feito Homem: A jornada de uma mulher no mundo dos homens" (2006). Da mesma forma que outra grande jornalista imersiva, Barbara Ehrenreich, relatou sobre os trabalhadores pobres trabalhando em uma série de empregos de salário mínimo no livro "Miséria à Americana" (2004), Vincent empreendeu uma investigação sobre como vivia uma versão mais literal da “outra metade”.

Com a ajuda de um novo guarda-roupa, um corte de cabelo mais curto, uma camada de barba artificial, um sutiã esportivo extremamente apertado e um treinador de voz da Juilliard School, Vincent viveu como “Ned” por 18 meses. Ao longo de sua experiência, Vincent passou com sucesso em vários ambientes masculinos, de uma liga de boliche a um clube de strip-tease e a uma poderosa empresa de vendas ao estilo O Sucesso a Qualquer Preço (1992), ganhando a confiança de seus muitos interlocutores masculinos ao longo do caminho. Para sua surpresa, o que ela descobriu a tornou mais solidária com a situação dos homens, que, ela escreveu, sofreram tanto ou mais com as expectativas de gênero da sociedade do que as mulheres.

O principal aprendizado de Vincent de seu tempo vivendo como Ned foi uma apreciação mais profunda da “toxicidade dos papéis de gênero” que “provou ser desajeitado, sufocante, indutor de torpor ou até quase fatal para muito mais pessoas do que eu pensava, e pela simples razão de que, homem ou mulher, não deixaram você ser você mesmo.” Para os membros masculinos de nossa espécie, essa toxicidade decorre da ansiedade de serem percebidos como femininos, “o resultado de homens trabalhando ativamente para reprimir quaisquer tendências femininas rasteiras em si mesmos e em seus irmãos”. No final das contas, “não era por ser descoberta como mulher que eu estava realmente preocupada. Ned estaria sendo descoberto como menos do que um homem de verdade” – isto é, um homem que não se conforma às normas estereotipadas de gênero masculino. A língua portuguesa tem muitas palavras para esse tipo de homem – viado, maricas, mulherzinha, bicha, todas denotam principalmente aquela classe de ser humano que estava, até bem recentemente, entre as minorias mais desprezadas: os homossexuais.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

O homem bissexual que só quer namorar com mulher

O texto a seguir fala um pouco da dificuldade que alguns homens bissexuais encontram ao se relacionar. As vezes eles precisam cancelar a suas identidades para buscar viver um relacionamento sério com uma mulher ou acabam levando uma vida dupla por medo da rejeição.

Isso conecta diretamente ao mundo crossdresser e em vários os sentidos. Primeiro que a dificuldade descrita é praticamente a mesma vivenciada no mundo cross. Fora isso, também conheci diversos casos em que a bissexualidade entra no mesmo contexto. Desta forma achei bem válido trazer esse texto para a reflexão de vocês!

Fonte Voz da Diversidade

Há um grande número de homens bissexuais que interage no BlogSouBi (atual Voz da Diversidade) com uma “teoria” bem clara: gostamos de nos relacionar sexualmente com homens, mas só sentimos vontade de ter relações amorosas com mulheres.

Não, eles não são homossexuais enrustidos, é o que afirmam categoricamente. “Geralmente os textos que tratam da bissexualidade masculina acabam caindo numa abordagem que tem mais a ver com o processo de aceitação da homossexualidade e não com a tentativa de lidar com os dois desejos ao mesmo tempo, que é muito mais complexo”, contou Flavio ao BlogSouBi.

Segundo ele, seria muito mais fácil ter atração apenas por homens. “Mas o meu desejo por mulheres fala muito alto, de forma que eu jamais conseguiria assumir o desejo por homens em detrimento da possibilidade de seguir me relacionando também com elas”. 

Por conta do machismo das mulheres, homens como Flávio não assumem a bissexualidade. Serão muito provavelmente tachados de homossexuais enrustidos e, consequentemente, perderão o posto de “machos”. “É o grande dilema dos homens bissexuais. Nós até que gostaríamos de viver nosso lado homossexual às claras, mas viver abertamente esse lado, na sociedade em que vivemos, anulariam 90% das possibilidades de continuarmos a ser vistos como machos pelas mulheres com as quais gostaríamos de nos relacionar”, disse. 

Flávio e tantos outros bissexuais começam a trazer à tona desejos muito pouco debatidos na área da sexualidade. Os homens não falam com outros homens sobre o assunto por motivos óbvios. E também não conversam com as mulheres por motivos ainda mais óbvios. Em ambos os grupos serão discriminados e (talvez) ridicularizados. Os homens que fariam chacotas poderiam até sentir o mesmo, mas nunca admitiriam (alguns nem para si mesmos). 

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Porque você não deve supor a identidade sexual das pessoas

Acho que eu já me acostumei com o fato de as pessoas automaticamente suporem que eu sou homossexual por conta da minha identidade de gênero, o que não é o caso. Já fui questionado por familiares, amigos, desconhecidos, até por uma crush sobre isso e cheguei a comentar a respeito disso quando escrevi sobre a minha visita numa balada hétero. No passado eu me incomodava com essa percepção, mas chegou um ponto que percebi que não tinha muito o que fazer e acabei deixando isso de lado.

O texto a seguir foi escrito por uma mulher que não tem a aparência mais feminina do mundo e que passa exatamente pela mesma situação. Acho que isso também tem relação direta com a questão da passabilidade, pois no fundo não existe homem/mulher padrão nem hétero/homo/bi padrão. Cada um tem o seu jeito. Cada um tem a sua aparência. Cada um tem a sua personalidade. E, o mais importante, cada um merece o devido respeito!

Traduzido de Alana Rister, Ph.D.

Não, eu não sou lésbica e o seu gaydar está errado!

Muitas pessoas me veem como lésbica. Desde como me visto até a maneira como falo, aparentemente eu envio um alerta ao gaydar das pessoas. Na verdade, apesar de eu estar em um relacionamento sério com um homem há mais de 5 anos, as pessoas me incentivam a sair do armário.

Eu até entendo por que as pessoas presumem que eu sou lésbica. No entanto, essas suposições me causaram sofrimento e angústia desnecessários. Matou minhas amizades, prejudicou meu relacionamento com a minha família e, por fim, tornou muito difícil a minha autoaceitação.

Provavelmente eu devo ser uma das poucas pessoas heterossexuais que passou por severos questionamentos sobre minha identidade sexual por causa da pressão social. Acredite em mim, eu sei que sou heterossexual.

Desta forma, quero compartilhar as 3 principais razões pelas quais as pessoas presumem que eu sou lésbica e porque a sociedade deve parar de fazer suposições sobre a identidade sexual e sobre a identidade de gênero dos outros.


Minha aparência
De longe, o maior motivo pelo qual as pessoas acham que sou gay é por causa da minha aparência. Minha aparência fica em algum lugar entre andrógina e masculina, dependendo do dia.

Eu tenho um corte de cabelo bagunçado, visto roupas de homem e nem mesmo encosto em maquiagens. Esse visual supostamente masculinizado costuma plantar a ideia de que eu devo ser lésbica.

Eu me identifico como agênero. Isso significa que não me vejo como homem ou como mulher e rejeito a noção de estereótipos de gênero. Embora minha jornada para encontrar minha identidade de gênero tenha sido complexa, isso me deu a liberdade de ser quem eu quero ser sem me sentir constrangida.

quarta-feira, 31 de março de 2021

Arquétipos do BDSM: identidades eróticas

Dada a introdução ao BDSM apresentada no último post, vou aprofundar um pouco no assunto apresentado os arquétipos do BDSM. No título eu chamei isso de identidade erótica com um certo tom de provocação. Sim, eu sei que tem as identidades sexuais (hétero, homo, bi e talz), no entanto, sinto que somos muito mais complexos do que uma "pessoa que faz sexo com alguém do gênero oposto e/ou não", então acho que seria interessante abrir um pouco esse leque e preencher com os nosso desejos profundos.

O termo “arquétipo” tem origem no grego antigo: Archein, que significa original, e Typos, que significa modelo ou tipo. Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, usou o conceito de arquétipo em sua teoria da psique humana pois acreditava que personagens míticos universais – os arquétipos – residem no inconsciente coletivo das pessoas em todo o mundo, independentemente de cultura, raça ou nacionalidade. Ou seja, esse conceito na psicologia tenta encontrar padrões nas personalidades das pessoas.

No contexto do BDSM o caminho é parecido, mas mais focados nos nossos interesses libertinos. Todo mundo é diferente na hora H, algumas pessoas gostam de explorar as sensações do toque, outras gostam de ouvir sacanagens no pé do ouvido enquanto outros preferem uma pegação mais selvagem. Os arquétipos do BDSM são modelos utilizados para representar padrões de comportamento ou características predominantes nos praticantes os quais as pessoas podem se identificar em vários graus (de 0% a 100%). Por acaso você tem curiosidade para saber os seus?

Se sim, você pode fazer um teste no site www.bdsmtest.org que ele vai dar uma boa ajuda para entender os seus próprios desejos. A primeira página está em inglês, mas na sequência você tem a opção de fazer o teste em português. A lista abaixo eu me baseei neste mesmo site e detalha um poucos desses arquétipos, e, apesar de não ter todos, com certeza te dará um bom panorama.

Só um detalhe, vou usar todos os termos e adjetivos no masculino apenas por causa de regras de concordância do nosso português, mas tudo aqui vale para absolutamente qualquer gênero, ok?

Baunilha

No universo BDSM Baunilha é o termo usado para designar as pessoas que gostam de relacionamentos monogâmicos regulares e sexo convencional. Não há nada de errado com isso. Vale mencionar que Baunilha é uma especiaria bastante popular que há muito tempo é vista como um tipo de joia dos aromas, então a referência encaixa bem nesse contexto sem nenhum tipo de julgamento.


Bondage: restrição de movimentos

Riggers sentem prazer ao amarrar e restringir o movimento do(s) seu(s) parceiro(s), usando corda e/ou outros acessórios (correntes, algemas, barras espaçadoras, etc.), para ter controle sob o corpo dele(s). Ele também é responsável por monitorar o Bottom para garantir que circulação sanguínea e o fluxo de ar não sejam comprometidos.

Rope Bunny ou Rope Bottom preferem ser amarrados. Isso gera uma sensação de vulnerabilidade física e emocional, portanto ele precisa sentir confiança que o Top garantirá a segurança durante a cena.

A prática é bastante difundida no meio e pode ser usada para aumentar a libido, para fins artísticos ou apenas para diversão. Muitas vezes as pessoas misturam bondage com outras práticas do BDSM.


Disciplina e o jogo de provocação

Brat é um tipo de bottom focado na Disciplina. Não são necessariamente submissos pois não sentem prazer em se submeter. Seu prazer consiste em provocar o Top de diversas formas, de acordo com sua personalidade, bem como impor resistência durante as sessões, mas sempre mantendo respeito aos limites do parceiro. Essa provocação já é algo esperado pelo Top, pois faz parte do jogo de disciplina, e este, então, reage à provocação “castigando o bottom” (praticando então o sadomasoquismo e/ou bondage, por exemplo).

Domadores são, em essência, dominadores que gostam de lidar com gente malcriada. Eles consideram a desobediência como uma forma de jogo, não como grosseria, então não vão se ofender, mas com certeza darão uma boa lição em quem estiver merecendo.

quarta-feira, 3 de março de 2021

"Sexy, Sexy Drag Queen": Drag como Libertação, Drag como Fetiche, Drag como Vergonha

O texto a seguir é uma tradução do artigo do Joe Corr em que ele comenta como foi a experiência de sair pela primeira vez montado de drag e ser abordado sexualmente, isso o fez questionar sobre a imagem que ele passava de si mesmo ao se produzir.

Em diversos pontos do texto ele faz questionamentos sobre o Drag Queen que caberiam muito bem no crossdressing. Seria o crossdresing uma identidade sexual? Quando você se monta você se percebe como objeto de desejo? Já notou como a feminilidade costuma ser associada ao sensualismo? Confira isso e muito mais a seguir.

Traduzido de Joe Corr

Aos 17 anos, fui sexualmente abordado por um homem pela primeira vez na minha vida. Para complicar as coisas, foi no mesmo dia em que saí de casa pela primeira vez de Drag. Desde então, tenho lutado com os emaranhados confusos de gênero, sexo, fetichismo e vergonha que vêm de brinde por eu ser uma pessoa queer libertada e, ao mesmo tempo, um objeto de fetiche. Aqui, tento deixar de lado algumas dessas preocupações de uma vez por todas.

A Parada LGBT de Brighton de 2014 foi um dia de estreias para mim, marcando duas ocasiões históricas em minha própria linha do tempo. Foi nesse dia que saí de drag pela primeira vez. Depois de passar tanto tempo reunindo coragem para finalmente tomar a iniciativa, eu ainda me surpreendo com o conjunto que escolhi para minha primeira excursão. Minha referência drag é bagunçada, suja e áspera – estilo: Divine, Tranimals, Leigh Bowery e Christeene. Inspirando-me no lendário terrorista drag Fade-Dra Phey, eu montei um conjunto que poderia ser descrito como "Viagem ácida da dona de casa suburbana misturada com Leatherface de O Massacre da Serra Elétrica". Com pouca maquiagem, puxei uma meia-calça pela cabeça, com buracos feitos para revelar apenas um olho e meus lábios, que estavam manchados com sombra e batom em duas ou três pinceladas fortes. Usei a peruca loira mais horrível que encontrei (vestida de lado), um vestido floral de poliéster cortado curto e esfarrapado para que toda a minha bunda ficasse exposta e luvas de limpeza amarela com unhas de acrílico (para o toque necessário de glamour). Eu era uma visão, um terrível pesadelo de fluxo de consciência – e eu adorei. Mas a reação que obtive foi algo para o qual eu não estava preparado. Na verdade, fiquei tão impressionado com a quantidade de atenção (que variava de êxtase a irritação) que acabei pegando o ônibus para casa às 3 horas da tarde, com sapatos de salto alto nas mãos, soluçando baixinho por pura sobrecarga sensorial. Foi um exercício de construção de caráter, com certeza, mas que ajudou na minha formação.

Uma das inspirações do autor: Austin Young - The Tranimal Workshop

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

HQ - Patrulha da Orientação, conflitos entre orientação sexual e identidade de gênero

A homossexualidade começou a deixar de ser considerada um transtorno mental em 1973 quando a Associação Americana de Psiquiatria decidiu retirá-la do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Apesar disso ela só saiu da CID (Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde - OMS) em 1993.

Esse fato aconteceu próximo da Revolução Sexual, fenômeno que ocorreu em todo o mundo ocidental dos anos 1960 até os anos 1970 e que trouxe a tona temas como a contracepção e a pílula, nudez em público, a normalização de formas alternativas de sexualidade e a legalização do aborto.

Desse período em diante se começou a falar mais publicamente sobre opção sexual. Friso no "opção" pois acreditavam que as pessoas optavam por gostar de um determinado gênero ou outro. Alias, também limitavam os gêneros apenas à masculino e feminino. No entanto o termo caiu em desuso quando estudos mostraram que a tendência sexual de uma pessoa começa a se expressar naturalmente ainda na infância, deste modo o termo se atualizou para orientação sexual.

A transgeneridade, por sua vez, só foi retirada do capítulo de Doenças Mentais da CID em junho de 2018. Foram anos de reivindicação para que a transexualidade saísse do capítulo das doenças mentais e entrasse no de comportamentos sexuais. Com esta mudança, a OMS mantém a transexualidade dentro da classificação para que as pessoas possam obter ajuda médica se assim desejar. Lembrando que em muitos países o sistema de saúde público ou privado não reembolsa o tratamento hormonal ou acompanhamento psicológico se o diagnóstico não estiver nessa lista.

Quando eu comentei que achava que o conceito de orientação sexual estava ultrapassado no post "Homem que curte crossdresser é gay?" (novembro de 2017) eu tinha pouca base para questionar. No entanto, hoje, quando eu vi essa HQ, me dei conta que realmente não faz mais sentido falar em hétero, homo e bi por que as pessoas se apaixonam por outras pessoas (ou não) e ambas tem a liberdade de ser muito mais do que apenas H ou M.

Confiram essa história em quadrinhos do Bill Roundy, um cartunista americano que mostra um pouco do que é ser um homem homossexual e se apaixonar por homens trans! ♥

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Homem que curte crossdresser é gay?

Tenho visto esse tipo de questionamento brotando pela internet e fiquei inquieta! E aí, homem que sai com crossdresser (ou travesti, transgênero, transexual, queer... enfim) é considerado heterossexual ou homossexual??
Já encontrei vários homens por aí dizendo que se ela for passável como uma mulher ele não pode ser considerado homossexual, mas será isso mesmo??

Vamos lá, o conceito de orientação sexual, que cada dia que passa eu sinto que não serve para nada, classifica as pessoas com base nos gêneros que elas se sentem atraída, seja física, romântica e/ou emocionalmente. Elas podem ser classificadas como: assexual (nenhum ou raros momentos de atração sexual), bissexual (atração por mais de um gênero), heterossexual (atração pelo gênero oposto), homossexual (atração pelo mesmo gênero) ou pansexual (atração por qualquer gênero).

Essa definição eu retirei da Wikipédia e podemos observar que ela depende exclusivamente do gênero das pessoas envolvidas, aí que entra o grande problema dessa questão.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Identidade de gênero e Orientação sexual - O que é você?

Essa pergunta normalmente me dá arrepios. Em primeiro lugar, sou um ser humano. Segundo, existem tantas coisas que me definem que nem sei por onde começar.

Sei que a Samantha por si só instiga curiosidade pois foge do normal, porém fico incomodada quando surgem suposições errôneas sobre mim, principalmente se tratando das relacionadas com a minha identidade de gênero ou orientação sexual. Muitas vezes, essas suposições partem de pessoas do meio LGBT, que, por sinal, é uma sigla que também gera confusão.

(L)ésbicas, (G)ays, (B)issexuais são denominações relacionadas a orientação sexual enquanto (T)ravestis, Transexuais, Transgêneros estão relacionadas a identidade de gênero. Em outros locais já incorporaram os (Q)ueers que é um termo para designar pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade ou do binarismo de gênero. Deste modo o acrônimo LGBT ou LGBTQ se destina a promover a diversidade das culturas baseadas em identidade sexual e de gênero.

domingo, 4 de outubro de 2015

Orientação sexual

Queria falar sobre sexualidade, mas como é um conceito bem abrangente, no momento vou focar aqui em orientação sexual.

"A orientação sexual de uma pessoa indica por quais gêneros ela
sente-se atraída, seja física, romântica e/ou emocionalmente."

Dentre as opções existem:
- Assexual - indiferente a prática sexual;
- Bissexual - atração afetiva por pessoas de ambos os sexos independentemente do gênero;
- Heterossexual - atração afetiva por pessoas do sexo oposto;
- Homossexual - atração afetiva por pessoas do mesmo sexo;
- Pansexual - atração sexual independentemente da identidade de gênero do outro.

E o que isso tem haver com o universo Crossdresser?
Bom... Nada!

Vejo em muitos lugares as pessoas relacionando crossdressers, ou cdzinhas como costumam falar, com homens que quando vestem roupas femininas sentem que gostam de fazer sexo com outros homens, independente de ser casado ou algo assim e isso não é verdadeiro.

Sim, existem muitas pessoas que fazem isso, mas não quer dizer que todos são assim.
Ser crossdresser é gostar de se vestir como alguém do gênero oposto e sendo crossdresser você ainda se encaixa em uma das opções sexuais comentadas anteriormente.

Por que não poderia existir um crossdresser assexual?
Te garanto que existem.

Bandeira da assexualidade
Você conhecia?
No entanto, por que tantos crossdressers gostam de fazer sexo com outros homens?
Suponho que seja uma maneira de se libertar e não sei se a roupa é usada como desculpa ou como um incentivo.

Tive uma amiga que acredita que todas as pessoas são bissexuais. Na época, a nove anos atrás, eu achei estranho mas guardei o comentário e hoje eu acho que entendi o que ela quis dizer.
Primeiro, eu acho que ela estava falando de todos que não são assexuais, suponho que seja um grupo comumente esquecido.
Segundo, se pensar no lado biológico do corpo humano, temos regiões com mais terminações nervosas onde o toque é agradável e caricias nelas podem gerar estímulos sexuais e se temos isso, o que faria com que somente o toque de um gênero específico agrade?
Realmente não sei e acho que realmente é de se questionar.

Pensando deste modo, acho que muitas pessoas querem explorar esse lado inexplorável mas devido às barreiras sociais ou ao medo do preconceito usam o crossdressing como suporte para suprir as suas vontades.

Observação da SamyO que eu estou falando é pura opinião minha e não quero julgar quem faz parte da descrição anterior de cdzinha, é a vida deles e eles fazem isso por que gostam. Só não gosto de ser automaticamente taxado como uma por compartilhar o gosto pelo crossdressing!