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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Normas de gênero e porquê eu não quero ser passável

Já escrevi dois artigos relacionados a passabilidade ("Passabilidade" e "Transgêneros e a necessidade de modificações corporais") e acho que deixei claro que é um termo que não me agrada. Mas eu vivo como homem a maior parte do tempo e pessoalmente não faço questão de realizar uma transição ou algo do gênero. Talvez esse assunto nem seja do meu lugar de fala. Entretanto, ao ler esse texto de uma mulher trans falando sobre os limites da passabilidade para ela eu percebi que vai exatamente de encontro com o que eu penso. Então espero que a reflexão seja de bom proveito para você também.

Traduzido de Rachel Brindell

Para muitas pessoas transgênero ser passável é alcançar o maior objetivo. Há muitas razões para isto. Às vezes pode ser uma questão de segurança, ou para que a pessoa trans se sinta confortável na sua própria pele, ou por uma série de razões e todas elas são válidas.

Para aqueles que não sabem o que é ser passável, é a capacidade de ser visto como uma mulher cisgênero se você for uma mulher trans, ou um homem cisgênero se você for um homem trans.

No entanto, cheguei a um ponto em minha transição em que a aprovação dos outros não é necessária, nem desejada. Eu moro em um estado liberal dos EUA, Nova York, que tem suas próprias leis de proteção de gênero, e a violência contra pessoas trans parece ser mínima. Além disso, sinto que agora posso viver de forma autêntica e sem remorso como eu sempre fui.

Lembro de quando me assumi pela primeira vez há alguns anos e passei pelo processo tedioso e cheio de ansiedade de me assumir para meus entes queridos e amigos. Vários deles me perguntaram o quão longe eu pretendia ir com a minha transição e, francamente, naquele momento eu não sabia. Minha resposta foi “até me sentir confortável em minha própria pele”.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

4 Confissões de gênero que pessoas confiaram a uma garota trans

O texto a seguir é uma tradução do artigo da Phoenix Huber, uma mulher trans americana. Ela compartilhou 4 experiências de gênero que pessoas próximas confessaram para ela. Gostei muito da leitura pois eu mesmo já ouvi diversas histórias similares. Boa parte delas foi graças aos contatos recebidos aqui no blog, mas as que mais me surpreenderam foram de pessoas próximas de mim que enxergaram na Samantha um espaço seguro e confiável para abrir suas experiências pessoais.

Alguns casos renderiam até novelas, mas posso citar que soube de gente que teve experiência homossexual, de gente inconformada com tratamento diferenciado para crianças de cada gênero enquanto crescia, gente que teve que adaptar o jeito natural de ser para se misturar em grupos e até de gente que carrega uma ferida na alma por nunca poder expressar a si mesmo como se sente. Enfim, cada caso serve para abrir um pouco os nossos olhos para a realidade que vivemos.

Traduzido de Phoenix Huber

Ser você mesmo é um ímã para as histórias das pessoas

Quer saber uma das coisas mais legais em ser você mesmo? Sua abertura pode convidar outras pessoas a confiarem a você as suas histórias.

Sentimentos transgêneros me acompanharam desde muito cedo. Ao sair do armário, li autobiografias como Redefining Realness de Janet Mock (sem versão em português). Isso não me tornou uma PhD em lutas de identidade de gênero! Eu ainda tinha muito para aprender.

No entanto, já que eu era visivelmente trans e também uma boa ouvinte, estava aberta a receber uma educação informal. Amigos, familiares e estranhos na web me honraram com suas confissões relacionadas à gênero.

Aprendi o quão diversas são nossas experiências de gênero.

As coisas pararam de parecer chocantes. Ainda assim, ter a confiança das pessoas foi uma experiência humilde. Não há nada como relatos em primeira mão. Ser trans me deu uma visão panorâmica das experiências de gênero das pessoas, muito além do que os blogs anônimos poderiam me ensinar.

Aqui estão 4 casos que as pessoas me contaram. (Alguns detalhes foram alterados por privacidade.)


1. Eu teria feito a transição

“Eu teria feito a transição”, disse ela, “se o mundo fosse diferente naquela época. Antes de eu me tornar definido em minha identidade como Michael. ”

Naquele momento, minha visão de Michael mudou para sempre.

2013 foi quando me declarei transgênero. Celebridades trans estavam em alta. Eu era uma estudante no programa de teatro da ASU, onde eles nos receberam para sermos loucos.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

A razão pela qual eu não digo às pessoas que sou mulher

Olá meninas! Sei que estou sumida a um bom tempo e considerando tudo que tem acontecido na minha vida e no mundo todo está difícil de sentar para escrever, publicar ou fazer qualquer coisa do gênero, mas saibam que estou viva e ainda não desisti do blog. Também não desisti da vida de homem feminino, muito pelo contrário, continuo tentando vivenciar meu ego da forma mais sincera possível no dia a dia.

Ultimamente eu estou voltado a ler diversos artigos relacionados a homens femininos e me senti tocado pelo texto do Adrian Acosta (Amnesia Sparkles) que fala do por que ele não se apresenta como sendo mulher para a sociedade, algo que me identifico bastante, e isso me deu ânimo para traduzir e vir postar aqui no blog, quem sabe seja sinal de um retorno... espero que vocês também apreciem!

Traduzido de GenderFun
No ano de 1979 eu nasci, então o médico olhou meus genitais e disse "é um menino". Fui socializado como um menino. Eu vivi a vida de um menino, de um jovem adolescente e depois de um rapaz adulto. Agora, aos 41 anos, o sexo indicado na minha carteira de motorista ainda diz MASCULINO, mas quando eu ando pelas ruas movimentadas de Nova York algumas pessoas me chamam de "moça". Ultimamente as pessoas até me perguntam quais pronomes devem usar comigo. Eu olho para meus genitais e sim, ainda vejo um pênis ali, talvez um pouco maior do que era em 1979. Será que é um menino?

Outro dia, eu estava no telefone com o meu namorado e o colega de quarto dele perguntou se ele estava conversando com um cara ou uma garota. Eu disse a ele para responder "sim". rsrs

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

História de uma Crossdresser - Juliette Noir

Traduzido de Juliette Noir por Antonela Ross

Muitas de nós quando nos deparamos com essa vontade de adentrar no universo feminino ficamos abismadas pensando que essa loucura só acontece com a gente. No entanto, a medida que vamos conhecendo outras pessoas e outras histórias percebemos que não estamos sozinhas. Nem um pouco para falar a verdade. Tanto que eu já ouvi histórias semelhantes de inúmeras pessoas dos quatro cantos do mundo e ainda fico abismada com o quanto somos parecidas.

O texto a seguir é da Juliette Noir, uma crossdresser britânica, que foi traduzido por uma amiga minha (Antonela Ross) e que descreve muito bem algumas nuances do universo de um crossdresser (aliás, me enxerguei em vários trechos). Vale a pena a leitura assim como vale dar uma conferida no blog dela. Espero que vocês gostem!!


Minha História Noir
Minha História Noir, um voo sombrio para o mundo perigoso de uma mulher que não existe. Juliette Noir, uma jovem solitária em uma cruzada para defender a causa dos inocentes, dos indefesos, dos impotentes, em um mundo de criminosos que operam acima da lei.

Meu nome é Juliette Noir, ou melhor, não é, mas é assim que vocês podem me chamar. Eu sou um cara bastante típico a maior parte do tempo, eu tenho uma família, um bom trabalho, eu gosto de filmes, eu corro e pedalo para manter a forma e tenho alguns hobbies interessantes.

Como muitos homens que investiram muito em suas atividades, optei por dedicar todo esse site a um desses hobbies. No entanto, é importante para mim que você perceba que o que você está vendo sou eu, apenas uma aparência externa minha, que representa tão somente cerca de 5% da minha atividade diária.

Então, vamos falar sobre começos, desafios, triunfos e fracassos.

Infância
Eu realmente não poderia dizer quando soube que sou um/a crossdresser, eu tenho estado nisso de uma forma ou de outra por mais de 30 anos e de muitas maneiras eu ainda estou encontrando meus pés e minha voz.

O que eu sei é que eu nunca me entrosei com muitos de meus colegas e tenho tendência a me manter fora da maioria dos grupos.

As primeiras memórias giram em torno de um fascínio por vestidos, saias, roupas íntimas femininas etc. No entanto, eu realmente não tinha consciência do que estava fazendo ou sentindo. Eu senti o que agora sei que é um sentimento típico de vergonha e confusão sobre essas inclinações e como muitas pessoas na minha situação, eu escondi profundamente isso da melhor maneira que pude.

Às vezes, no entanto, adotamos medidas que afetam mais permanentemente nossas vidas. O crescimento de pelos no corpo de adolescente não foi um alívio para mim, mas um aborrecimento. Aos 16 anos, depilei minhas pernas pela primeira vez e depois passei muitas semanas tentando evitar a ginástica e qualquer coisa que pudesse revelá-lo.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

HQ - Patrulha da Orientação, conflitos entre orientação sexual e identidade de gênero

A homossexualidade começou a deixar de ser considerada um transtorno mental em 1973 quando a Associação Americana de Psiquiatria decidiu retirá-la do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Apesar disso ela só saiu da CID (Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde - OMS) em 1993.

Esse fato aconteceu próximo da Revolução Sexual, fenômeno que ocorreu em todo o mundo ocidental dos anos 1960 até os anos 1970 e que trouxe a tona temas como a contracepção e a pílula, nudez em público, a normalização de formas alternativas de sexualidade e a legalização do aborto.

Desse período em diante se começou a falar mais publicamente sobre opção sexual. Friso no "opção" pois acreditavam que as pessoas optavam por gostar de um determinado gênero ou outro. Alias, também limitavam os gêneros apenas à masculino e feminino. No entanto o termo caiu em desuso quando estudos mostraram que a tendência sexual de uma pessoa começa a se expressar naturalmente ainda na infância, deste modo o termo se atualizou para orientação sexual.

A transgeneridade, por sua vez, só foi retirada do capítulo de Doenças Mentais da CID em junho de 2018. Foram anos de reivindicação para que a transexualidade saísse do capítulo das doenças mentais e entrasse no de comportamentos sexuais. Com esta mudança, a OMS mantém a transexualidade dentro da classificação para que as pessoas possam obter ajuda médica se assim desejar. Lembrando que em muitos países o sistema de saúde público ou privado não reembolsa o tratamento hormonal ou acompanhamento psicológico se o diagnóstico não estiver nessa lista.

Quando eu comentei que achava que o conceito de orientação sexual estava ultrapassado no post "Homem que curte crossdresser é gay?" (novembro de 2017) eu tinha pouca base para questionar. No entanto, hoje, quando eu vi essa HQ, me dei conta que realmente não faz mais sentido falar em hétero, homo e bi por que as pessoas se apaixonam por outras pessoas (ou não) e ambas tem a liberdade de ser muito mais do que apenas H ou M.

Confiram essa história em quadrinhos do Bill Roundy, um cartunista americano que mostra um pouco do que é ser um homem homossexual e se apaixonar por homens trans! ♥

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Transgênero, crossdresser, travesti, drag queen, qual é a diferença?

Cada pessoa é um ser único, mas que tem características comuns a toda a humanidade. Nos identificamos com alguns e nos diferenciamos de outros por construções sociais, por exemplo: a região em que nascemos ou que crescemos, classe social, se temos ou não uma religião, idade, nossas habilidades físicas, entre outras que marcam a diversidade humana.

De fato existe uma similaridade entre as pessoas que utilizam esses termos do título do post, mas para tentar compreender as peculiaridades de cada caso eu vou utilizar o gráfico de Identidade de gênero, Expressão de gênero, Sexo biológico e Orientação sexual que eu apresentei no post Identidade de gênero e Orientação sexual - O que é você?.
Para lembrar, segue um resuminho:
- Identidade de gênero: o modo como o indivíduo se sente/se identifica;
- Expressão de gênero: o modo como a pessoa se expressa/se apresenta;
- Sexo biológico: a nossa marca genética, o XX ou XY do DNA (ou outros);
- Orientação sexual: por quem a pessoa sente atração afetiva/sexual.

Segue alguns exemplos, vale salientar que nada disso é regra. Aliás, vou focar principalmente em pessoas que nasceram com o sexo biológico XY porque é o meu caso e tenho mais proximidade, mas vale o mesmo para o sexo biológico XX.

Homem Cisgênero
Identidade de gênero: masculina
Expressão de gênero: masculina
Sexo biológico: XY - macho
Orientação sexual: Indiferente
Pessoas cisgênero são a maioria na nossa sociedade, são as que tem alinhado a identidade de gênero e expressão de gênero com o seu sexo biológico.

A orientação sexual é indiferente. Pode ser que um homem cis homossexual tenha uma expressão de gênero puxada para o feminino, mas pode ser que a sua expressão seja super masculinizada. Também pode ter um homem cis heterossexual que tenha uma expressão um pouco feminina, então nada é regra.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Na dúvida da transição: o que é ser mulher?

Feliz ano novo, meninas! (sim, um pouco atrasado, mas estou por aqui)
Quero começar esse ano com um texto especial, espero que gostem ♥

Muitas pessoas me questionam à respeito de uma possível transição ou esperam que eu passe a viver exclusivamente como mulher. Sei que isso é a vontade de muitas dessas pessoas e entendo um pouco o sentimento, no entanto tem uma questão que me deixa com dúvidas: o que exatamente é ser mulher? Como faz para se tornar uma mulher? Ou, o que é ser mulher hoje em dia e na nossa sociedade?

Os seios não fazem de você uma mulher, nem um útero ou mesmo uma vagina. Pergunte a qualquer mulher em qualquer lugar o que faz dela uma mulher e provavelmente ela não se limitará apenas à anatomia, ao invés disso ela poderá indicar o seu coração, sua alma, o amor de mãe, a sua devoção, a sua a força, enfim, parece um sentimento único.

Ser mulher num contexto social já foi sinônimo de ser um objeto bonito e delicado, quase uma peça de decoração, que podia ser entregue pelo pai junto com um dote (pra compensar o transtorno) para um noivo e que serviria para gerar a prole desse homem além de ser vitrine do sucesso dele. Essa realidade não está muito distante da nossa, há algumas décadas atrás era o padrão da nossa sociedade e em alguns locais mais conservadores isso ainda é a realidade de mulheres em pleno século XXI.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Transgêneros e a necessidade de modificações corporais

Esse é um tema bastante explorado pela população trans/cross e, assim como existem diversos caminhos para realizar essa modificações, também existem riscos para se obter o corpo desejado. Antes de abordar as modificações em si eu gostaria de falar sobre a necessidade de mudar o corpo.
Em primeiro lugar, se eu tenho disforia de gênero, adaptar o meu corpo a esse gênero é algo obrigatório??
A minha resposta é não.

Entendo que existem dois grandes motivadores para modificação do corpo, um deles, que eu considero o mais importante, é o pessoal e tem relação principalmente com a autoestima enquanto o outro seria relacionado aos fatores externos e no nosso universo eu posso resumir numa palavrinha: passabilidade.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Guevedoces, transexuais biológicos ou crianças andróginas?

Quando pesquisei sobre a história dos transgêneros nas tribos norte-americanas achei muito interessante o fato de algumas culturas tratar as crianças apenas como criança, sem diferenciar as atividades em função do sexo biológico delas e as ensinando desde corte e costura até a caça, assim no ritual de passagem para a vida adulta cada indivíduo estaria apto a decidir por conta própria qual caminho deve seguir.

Recentemente eu tive conhecimento de uma variação genética que faz com que pessoas do sexo masculino desenvolvam o seu aparelho reprodutor somente na puberdade, junto com as características sexuais secundárias, dificultando a percepção do sexo biológico e transformando as crianças em indivíduos andróginos. Essas crianças ficaram conhecidas como guevedoces e foram objeto de estudo na década de 1970.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Homem que curte crossdresser é gay?

Tenho visto esse tipo de questionamento brotando pela internet e fiquei inquieta! E aí, homem que sai com crossdresser (ou travesti, transgênero, transexual, queer... enfim) é considerado heterossexual ou homossexual??
Já encontrei vários homens por aí dizendo que se ela for passável como uma mulher ele não pode ser considerado homossexual, mas será isso mesmo??

Vamos lá, o conceito de orientação sexual, que cada dia que passa eu sinto que não serve para nada, classifica as pessoas com base nos gêneros que elas se sentem atraída, seja física, romântica e/ou emocionalmente. Elas podem ser classificadas como: assexual (nenhum ou raros momentos de atração sexual), bissexual (atração por mais de um gênero), heterossexual (atração pelo gênero oposto), homossexual (atração pelo mesmo gênero) ou pansexual (atração por qualquer gênero).

Essa definição eu retirei da Wikipédia e podemos observar que ela depende exclusivamente do gênero das pessoas envolvidas, aí que entra o grande problema dessa questão.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Intersexo, uma realidade ignorada

Um dos grandes argumentos que eu ouço de quem é contra esses estudos e questionamentos a respeito de identidade de gênero é que o ser humano é naturalmente binário sendo exclusivamente homem/mulher, XX/XY, macho/fêmea. No entanto, isso está longe de ser uma verdade absoluta pois tanto no ser humano quanto na natureza existem diversos exemplos de indivíduos que nascem com anatomia que não se encaixa na definição típica de macho/fêmea, isso se chama intersexualidade.
Algumas variações são apenas físicas, uma pessoa pode nascer com uma aparência exterior feminina mas com anatomia interior predominantemente masculina, uma moça pode nascer com um clitóris visivelmente grande ou com ausência de abertura vaginal ou então um rapaz pode nascer com um pênis anormalmente pequeno ou com um escroto dividido e com formato mais semelhante a lábios vaginais.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Identidade de gênero e Orientação sexual - O que é você?

Essa pergunta normalmente me dá arrepios. Em primeiro lugar, sou um ser humano. Segundo, existem tantas coisas que me definem que nem sei por onde começar.

Sei que a Samantha por si só instiga curiosidade pois foge do normal, porém fico incomodada quando surgem suposições errôneas sobre mim, principalmente se tratando das relacionadas com a minha identidade de gênero ou orientação sexual. Muitas vezes, essas suposições partem de pessoas do meio LGBT, que, por sinal, é uma sigla que também gera confusão.

(L)ésbicas, (G)ays, (B)issexuais são denominações relacionadas a orientação sexual enquanto (T)ravestis, Transexuais, Transgêneros estão relacionadas a identidade de gênero. Em outros locais já incorporaram os (Q)ueers que é um termo para designar pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade ou do binarismo de gênero. Deste modo o acrônimo LGBT ou LGBTQ se destina a promover a diversidade das culturas baseadas em identidade sexual e de gênero.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Identidade de gênero

Em um outro post eu falei um pouco sobre orientação sexual, para dar continuidade ao grande tema da sexualidade, gostaria de falar agora sobre identidade de gênero.

"Refere-se à identidade adotada por uma pessoa de acordo
com seus genitais, psicologia ou seu papel na sociedade.
Para a maioria das pessoas, homem ou mulher."

É uma definição bem simples e direta. Não acho que, necessariamente, seja adotada de maneira consciente por que algumas pessoas identificam o seu gênero quando ainda são pequenas crianças e não possuem os vícios e paradigmas de pessoas adultas. Na descrição eu deixei o "ou" em negrito para lembrar que os parâmetros podem ser diferentes em cada caso.

Um exemplo: uma pessoa pode ter nascido com o órgão genital feminino, não ter feito nenhum tipo de cirurgia nem tratamento hormonal e se identifica como homem.
 "Então ela é uma sapatão?"
Não. "Sapatão" é um termo pejorativo para se referir à mulher homossexual, no caso em questão eu só comentei que ele se identifica com o gênero masculino, mas pode ter qualquer tipo de orientação sexual.
 "Então ele é um transexual?"
Não. No exemplo, eu citei que a pessoa não realizou nenhum tipo de cirurgia nem tratamento hormonal e para ser rotulado como transexual a pessoa deve optar por realizar transição para o gênero oposto através de intervenção médica.
"Transgênero...?"
Sim, é um termo correto para esse caso.
No entanto, pra que ficar tentando rotular o próximo?
Gosto de ver as pessoas como elas são sem querer pensar em rótulos antes de conhece-la, alias, ter opinião ou sentimento concebido sem exame crítico é a definição de preconceito.

E o que isso tem haver com o universo Crossdresser?
Esse caso é mais complicado.

Existem pessoas que tem uma conexão tão séria com o seu eu crossdresser que consegue transitar para o outro gênero enquanto esta transformado. Outros percebem, ao praticar o crossdressing, que se identificam mais com o outro gênero e decidem adotá-lo na maior parte do tempo ou em tempo integral. Também existem alguns que usam o crossdressing como algo visual/fetichista para realizar os seus desejos íntimos, mas não necessariamente se identificam com o outro gênero durante a pratica.
Esses foram somente alguns exemplos e existem outras situações, então é complicado mesmo fazer uma ligação direta com o crossdressing.


Assunto na mídia
No ultimo dia 9 de novembro as 20h30 estreou o programa "A Vida de Jazz" no canal Discovery Home & Health. Trata-se de uma série de onze episódios que acompanha a rotina da família Jennings e documenta as lutas e alegrias vividas pela adolescente de 14 anos Jazz Jennings ao lado dos pais – Jeanette e Greg – e dos irmãos – Ari, Sander e Griffen – enquanto ela se prepara para entrar no ensino médio.

Jazz foi diagnosticada com disforia de gênero aos 5 anos de idade e, durante a série, a mãe conta que com menos de 3 anos ela já questionava o próprio gênero. Por conta disso, a jovem sempre foi mal vista e sofreu diversos tipos de preconceito, principalmente no colégio.

“No colégio, meus colegas se cumprimentavam com abraços e eu só recebia um ‘oi’.
Eu até já fui chamada de ‘aquilo’.”, Jazz Jennings 

Gostei muito do episódio que assisti. Ele mostrou que a Jazz tem um comportamento igual ao de qualquer menina na sua idade, só que também precisa tratar de diversas decisões relacionadas com o seu organismo (hormônios e possíveis cirurgias) e ainda tem que conviver com os insultos e preconceitos.

Se você tiver mais curiosidade sobre a história, pode começar olhando o seu canal no youtube, segue o link:
https://www.youtube.com/user/jazzmergirl