Complementando o texto da semana passada, O ponto de vista da esposa de crossdresser, o artigo de hoje trás a história de uma esposa que foi informada sobre o fetiche de crossdressing do marido depois de anos de relacionamento e que até tentou conviver com isso, mas neste caso eles não conseguiram entrar em comum acordo e preferiram terminar o relacionamento. Aqui vale refletir sobre a perspectiva da mulher.
Claro que cada caso é um caso e é uma questão complexa, mas pra mim fica evidente que não vale a pena investir num relacionamento sem abrir sobre crossdressing logo no início. Independentemente se o seu crossdressing é só um fetiche, se é um estilo de vida ou mesmo se você esteja decidido a por um fim nisso, sua sinceridade a respeito disso é uma demonstração de respeito com a sua companheira. Pode ser que ela procure aceitar e aprenda a conviver com vocês, mas também pode ser que acabe com o futuro de vocês. Apesar disso, eu suspeito que seja melhor abrir no início e tentar encontrar um termo de convívio do que causar uma desilusão maior no futuro.
Traduzido de woman's day
Eu estava na cama com meu ex-marido, enquanto os seis anos de sexo abaixo da média passavam pela minha mente como um filme mudo.
O início do nosso relacionamento era só rosas e passeios na praia. Literalmente. Com o passar do tempo, chegamos ao nosso trigésimo encontro, quando resolvemos comprar um colchão juntos. Carregamos o novo colchão de casal por três lances estreitos de escada e ele, suado e com o rosto vermelho, logo se jogou em cima dele. Eu o imaginei estendendo a mão para mim com paixão – e ele o fez. Mas, ao invés de me atirar na cama, ele me puxou em sua direção de uma forma que só poderia ser descrita como casta.
"Esse colchão será muito mais confortável", disse ele. Era como se o sexo nem fosse um interesse.
Avance vários anos nessa história e a conversa que encerrou nosso casamento começou assim:
"Tenho algo que preciso dizer a você – algo que eu nunca disse a ninguém antes", disse ele.
Ainda estávamos na fase de lua de mel neste ponto, literal e figurativamente. Estávamos deitados lado a lado olhando para o teto depois de outro coito rápido e insatisfatório – ao qual eu estava me acostumando, de alguma forma.
"O que é, baby?" Eu perguntei. Eu mal conseguia pronunciar as palavras por causa do nó na minha garganta.
Ele ficou em silêncio. O tempo se esticou e diminuiu. E então ele disse sem rodeios: "Eu só consigo ficar excitado se eu estiver usando roupas femininas."
Estranhamente, meu primeiro instinto foi confortá-lo. Fiquei emocionada que ele confiasse em mim o suficiente para compartilhar seu segredo mais sombrio comigo, e eu realmente pensei que isso não iria acabar com o nosso relacionamento. Até comemorei o quão aberta e receptiva eu era. Mesmo sabendo que o travestismo não era uma coisa ruim, a notícia me atingiu como se fosse um diagnóstico de câncer ou de depressão. Eu nunca poderia ir embora porque o meu parceiro estava lutando contra algo assim.
Mas acabou que a minha resposta positiva durou pouco.