Traduzido de Rori Porter
Eu me assumi como transgenero em 2017 e, desde então, ouvi essa pergunta de muitas maneiras diferentes vindo de várias pessoas cis. Às vezes, é perguntado de boa fé pelas pessoas que estão apenas tentando melhorar. “Sou transfóbico? Por favor, me ensina."
Outras vezes, é combativo. "Sério? Você acha que eu sou transfóbico? Não tenho medo de pessoas trans!”
Em primeiro lugar, sim. A maioria das pessoas que fazem essas perguntas são, de alguma forma, transfóbicas. Todos nós somos, inclusive eu, e é por isso que essas conversas são complicadas num primeiro momento.
É por isso que não gosto necessariamente de palavras como “transfobia” sendo usadas de maneira generalizada. Muitas pessoas, tanto bem-intencionadas quanto mal, ficam presas na parte da “fobia”, esquecendo que uma fobia pode ser um medo literal, mas também pode ser uma aversão, como na palavra “hidrofóbica”. A hidrofobia certamente pode se referir ao medo de água ou natação, ou pode se referir a uma substância que rejeita a água. Essa diferença atrapalha as boas discussões sobre o que significa ser exposto à anti-transidade ao longo de nossas vidas.
Aqui está a questão: vivemos em uma sociedade fundamentalmente transfóbica. O problema é sistêmico, com impactos de longo alcance no zeitgeist cultural das últimas centenas de anos, em graus variados ao longo de cada época.