quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Entrevista com Dafni Cocó - Fundadora do estúdio Dafni Girls

Recentemente eu vi que saiu uma entrevista da maravilhosa Dafni Cocó no site All About Crossdresser e tive que traduzir aqui para o blog. Ela é uma mulher cis que trabalha com estética e beleza e que tem aberto as portas do universo feminino para inúmeros crossdressers há quase 10 anos na Espanha. Pude notar a paixão e o respeito que ela sente pelo que faz numa entrevista que eu assisti há um bom tempo e isso me marcou, espero um dia poder conhecer ela pessoalmente e, quem sabe, até pegar umas dicas! 

Traduzido de All About Crossdresser

Tivemos uma ótima oportunidade de entrevistar a linda e charmosa Dafni Cocó, fundadora do Dafni Girls, que é um estúdio de crossdressing localizado nas cidades de Madrid e Valência na Espanha. Confiram esta entrevista especial.


P) Olá Dafni, muito obrigado por nos permitir realizar essa entrevista. Conte-nos um pouco sobre você e o que você faz.

DAFNI: Meu nome é Dafni Cocó, nasci em Barcelona em 1985, sou estilista, maquiadora e fotógrafa. Dediquei meus estudos a tudo relacionado a imagem e beleza. Sou apaixonada por moda e arte, e me considero uma pessoa motivadora e empreendedora que gosta de realizar seus próprios sonhos, querendo-os e amando-os. Amo viver, curtir e saborear os grandes prazeres que a vida nos proporciona.

Dafni Cocó

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Por que azul para meninos e rosa para meninas?

Cada geração traz uma nova definição de masculinidade e feminilidade e isso acaba se manifestando nas roupas infantis. Esse negócio de azul para meninos e rosa para meninas é algo relativamente recente pois o costume surgiu apenas no meio do século passado, fora que no caminho ainda teve um empurrãozinho da indústria da moda para incentivar os pais a gastar mais dinheiro com as roupas dos filhos. 

Adaptado de Smithsonian Magazine

O pequeno Franklin Delano Roosevelt, 32º presidente dos Estados Unidos, se apresenta na foto sentado recatadamente em um banquinho, com uma saia branca espalhada suavemente sobre o seu colo e com as mãos segurando um chapéu enfeitado com uma pena de marabu. Cabelo na altura dos ombros e sapatos de festa de couro envernizado completam o conjunto.

As pessoas costumam achar essa aparência meio inquietante hoje para um menino, porém a convenção social de 1884, quando Roosevelt foi fotografado aos 2 anos e meio, ditava que os meninos e as meninas deveriam usar vestidos até os 6 ou 7 anos de idade. Também era nessa idade que costumava ocorrer o primeiro corte de cabelo da criança. A roupa do Franklin era considerada neutra em termos de gênero.

Assim como os outros meninos da sua época, Franklin Roosevelt aparece trajando um vestido na foto.
Este retrato de estúdio provavelmente foi tirado em Nova York em 1884.

Hoje em dia as pessoas tem a necessidade de saber o sexo de um bebê ou de uma criança pequena logo à primeira vista, diz Jo B. Paoletti, historiadora da Universidade de Maryland e autora do livro Pink and Blue: Telling the Boys From the Girls in America (Rosa e azul: separando os meninos das meninas na América, 2012, sem versão em português). Assim, vemos, por exemplo, uma faixa rosa envolvendo a cabeça calva de uma menina.

Por que o estilo de roupa das crianças mudou tão drasticamente?
Como terminamos com duas “equipes”, meninos de azul e meninas de rosa?

“É, na verdade, a história do que aconteceu com as roupas neutras”, diz Paoletti, que explorou o significado das roupas infantis por 30 anos. Por séculos, diz ela, as crianças usaram vestidos brancos delicados até os 6 anos de idade. “O que antes era uma questão de praticidade – você veste seu bebê com vestidos e fraldas brancos; algodão branco pode ser branqueado – tornou-se uma questão de ‘Meu Deus, se eu vestir meu bebê da maneira errada ele vai se tornar um pervertido’ ”, diz Paoletti.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Crossdressers contam sobre a primeira vez que foram flagrados travestidos

Se você é um crossdresser e nunca passou pelo desespero de ser pego no flagra enquanto estava travestido você pode se considerar uma pessoa de sorte. No meu caso, antes de sair do armário, eu passei por vários sustos. Lembro de eu ser visto de relance pelo meu irmão mais novo enquanto eu estava usando roupas da minha irmã e depois ter que inventar pra ele que ele viu algo diferente. Lembro da minha mãe me questionando se tinha sido eu quem tinha mexido numa bota de cano longo dela que estava guardada de um jeito estranho (sim, claro que foi). Também lembro de quando eu deixei uma blusinha minha dando sopa pela casa e minha ex-esposa me questionou se eu estava traindo ela com outra mulher por conta disso... Enfim, aconteceram várias experiências do gênero que renderiam boas histórias.

Embora eu deseje que ninguém precise ficar escondendo que gosta de usar uma determinada roupa ou que tem um certo comportamento afeminado, sei bem o quanto isso ainda é complicado na nossa sociedade. Tanto que a maioria absoluta dos crossdressers que eu já conheci mantém a prática em segredo, não abrindo nem para a esposa/namorada.

Sendo assim, trouxe aqui algumas histórias de outros crossdressers contando sobre como foi que eles acabaram sendo descobertos usando roupas femininas. É divertido, emocionante e, talvez, um pouco assustador de ler. Falo isso pois me enxerguei em várias passagens do texto. Mas uma coisa eu digo, por mais controverso que pareça, essa sensação de medo e desespero praticamente some depois que você consegue sair de dentro do casulo. Quem sabe isso faça você se questionar se realmente vale a pena viver plenamente apenas em segredo.

Traduzido de All About Crossdressers

Ser descoberto usando roupas femininas certamente não é uma experiência divertida. Isso pode causar um sentimento de vergonha ou de humilhação para a maioria dos crossdressers. Como boa parte dos homens que praticam crossdressing se vestem escondidos, há sempre uma chance de serem pegos se não forem suficientemente cuidadosos. Normalmente eles são pegos travestidos no flagra ou são descobertos por conta de suas roupas e acessórios que não estavam adequadamente escondidos.

Apresento, a seguir, algumas histórias de crossdressers falando sobre a primeira vez que foram pegos usando roupas femininas.


Rachel Garner
“Na minha infância, comecei a desenvolver um grande fascínio por roupas íntimas femininas. Também fiquei bastante curioso com a meia 7/8 e a meia-calça. Minha irmã mais velha usava belas calcinhas e meias de nylon, o que realmente despertou o meu interesse. Cada vez mais eu tinha pensamentos a respeito de usar as lingeries e as roupas dela e até comecei a ter dificuldade para dormir por conta disso.

Eu podia sentir que a necessidade de me vestir como uma garota ia aumentando muito rapidamente e estava ficando impossível de resistir. Então um dia eu decidi entrar furtivamente no quarto da minha irmã e experimentar o que eu pudesse encontrar para vestir.

Escolhi a hora certa, quando não havia ninguém por perto e fui para o quarto dela. Eu podia sentir meu coração batendo muito mais rápido e estava muito animado. Abri seu armário e vi muitas calcinhas e sutiãs cuidadosamente dobrados em um canto do armário. Eu os toquei suavemente e pude sentir como eram macios e sedosos.

Peguei uma calcinha rosa e a segurei por um breve momento em minhas mãos, apenas a sentindo. Tirei a minha calça e a cueca que eu estava usando e, em seguida, coloquei a calcinha e a puxei pelas minhas pernas. Foi incrível como eu me senti bem. Eu parei na frente do espelho e não consegui parar de me olhar.

Então, minha atenção foi para a coleção de sutiãs. Peguei um sutiã com bojo e experimentei também. Levei um bom tempo para colocá-lo, já que eu não tinha nenhuma experiência em vestir sutiãs antes disso. Depois que eu finalmente o vesti, eu estava bem animado com a expectativa de usar roupas íntimas femininas.

Foi tão bom que eu não conseguia parar de me admirar no espelho. Então, depois de algum tempo, eu os tirei e coloquei de volta do jeito que estava na gaveta. Foi minha primeira experiência de crossdressing. Desde então, eu entrava furtivamente no quarto da minha irmã e experimentava as roupas dela sempre que tinha alguma oportunidade.

Poucos meses depois, eu estava sozinho em casa e decidi me montar. Sem eu saber, minha irmã estava voltando da universidade mais cedo para casa neste dia em particular. Eu me vesti com as roupas íntimas dela e também coloquei um vestido floral. Eu estava me divertindo na frente do espelho quando de repente ouvi a porta dos fundos se abrir e isso me deu um grande susto. Fiquei completamente surpreso e não sabia o que fazer. Eu estava prestes a tirar o vestido quando de repente a porta se abriu e minha irmã me viu e ficou completamente chocada.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Quando eu percebi que era transgênero (ou não-binário)

Seria ótimo se nós tivéssemos um tipo de clareza súbita na nossa mente nos trazendo a compreensão do próprio ser, mas a realidade passa longe disso. Na verdade se trata de um processo intimo de autoconhecimento que cada um vivencia de um modo diferente e que acaba tendo relação direta com a maneira como as pessoas à sua volta tratam as questões de gênero ao longo da sua vida.

No meu caso, desde criança eu sentia um desgosto cada vez que ouvia que a minha imagem exterior tinha que refletir o poder do meu aparelho reprodutor. "Um homem tem que ter cara de homem, ué". Ou então quando as minhas ações ou desejos não poderiam ser realizados por se tratar de algo considerado feminino. "Como assim você quer aprender balé? Você vai é jogar futebol, se quiser aprender uma dança então aprenda dança de salão que isso vai te ajudar a pegar mulheres". Ah sim, também quando tudo se resumia a fazer algo ou não simplesmente para poder "pegar mulher".

Essas pequenas questões ao longo da vida nos faz questionar se realmente queremos ser isso que estão nos empurrando para ser com base no nosso aparelho genital. Pra piorar, a sociedade ainda martela na nossa cabeça que cada impulso e cada prazer da nossa existência é errado e vai contra a natureza. Essa experiência pode acabar fazendo você odiar viver na sua própria pele, pois sempre vai haver uma fricção dolorosa entre quem você é e quem você finge ser.

O texto a seguir, do Jay M, apresenta com detalhes alguns desses momentos que ele vivenciou e que o fez questionar sobre quem ele realmente é.

Traduzido de Jay M

Muitas vezes me perguntam: "Quando você percebeu que era transgênero?" ou alguma variação dessa pergunta. Enquanto algumas pessoas trans talvez possam se lembrar do momento exato em que isso aconteceu com elas, o mesmo não aconteceu comigo. Eu tive uma série de momentos do tipo "ah-ha" ao longo da minha vida que eu chamo de minhas memórias perdidas de menino. Essas memórias são breves momentos que me fizeram perceber que eu era diferente, mas de uma forma que eu ainda não conseguia colocar em palavras. Olhando para trás agora, fica claro que esses foram os momentos em que o garotinho perdido aqui dentro estava tentando encontrar o caminho de fora. A seguir, compartilho três dessas memórias que compõem os diversos capítulos da minha jornada para me tornar um homem trans e viver como meu eu mais autêntico.


Memória perdida de menino #1
Eu tinha cinco anos de idade e caminhava com meu pai ao longo da costa da Califórnia quando parei, olhei para ele e exclamei: "Eu quero ser um menino." Meu pai respondeu sem hesitação: “Ok. Por que você quer ser um menino?” Expliquei: “Quero jogar basquete com os outros meninos e me casar com uma esposa quando eu crescer”. Mais uma vez, sem hesitar, meu pai respondeu com calma e naturalidade: “Você pode jogar basquete, ter uma esposa E ser uma menina”. E com isso continuamos caminhando. Naquele momento, essa resposta conseguiu resolver meu conflito interno. Este foi um dos vários momentos ao longo dos últimos 25 anos em que meu menino perdido tentou encontrar o caminho para fora do meu corpo feminino.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

10 coisas que você precisa saber antes de namorar um crossdresser

O texto a seguir trás algumas observações de uma mulher a respeito do relacionamento dela com um rapaz que pratica crossdressing (usa roupas femininas), e a maioria do que ela escreveu faz muito sentido para mim. Eu já trouxe aqui o texto de outra mulher que ficava meio insegura com a situação, mas nesse caso ela parece que soube tirar um bom proveito desse estilo de vida do companheiro dela.

Traduzido de Travmaga

Meu namorado é um crossdresser.

1. Travestir-se é divertido.
Quando meu namorado se transforma em uma mulher, ele se diverte. Geralmente quando ele está em uma festa ele sempre fica por cima e age de maneira ultrajante.

2. Alter egos existem.
Meu namorado é um daqueles caras sensíveis que sempre me pergunta se eu estou me sentindo confortável em uma festa e que fica de olho em mim o tempo todo. Ele começa a chorar aleatoriamente ao ver um cachorro de rua ou quando assistimos ao Master Chef Junior. Ele é muito sensível. Mas quando ele se transforma na Galaxia, ele se torna uma pessoa diferente. A Galaxia é vaidosa, egocêntrica e prospera como o centro das atenções.

3. Crossdressing é assustador para a parceira do crossdresser.
Eu não vou fingir que ver meu namorado se transformando em uma mulher e flertando com um homem na minha frente não me assustou. Meu principal medo era que meu namorado fosse na verdade um gay enrustido. Acontece que este é um equívoco muito comum sobre os crossdressers e tem a ver com a forma como o conceito de gênero foi ensinado a nós quando eramos crianças. Em um certo momento eu expressei algumas das minhas preocupações para meu namorado, e ele ficou perplexo com elas: “Eu gostaria de ser gay”, disse ele. "Teria sido uma ótima maneira de irritar meu pai."

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Homem de calcinha, porque não?

Recentemente o ator Milhem Cortaz interpretou o personagem Joubert Machado na novela O Sétimo Guardião da Globo, um respeitado delegado da cidade fictícia de Serro Azul. Com voz grossa e postura viril, ninguém desconfia que o policial usa calcinha. Apesar disso, o personagem é machista, defensor dos "bons costumes", além de ser muito ciumento com a esposa Rita de Cássia, vivida por Flávia Alessandra.

O caso trouxe o assunto para o público geral e, sob o olhar da sociedade, parece se tratar de uma prática estranha e inusitada. No entanto, no submundo dos crossdressers isso é algo tão banal que algumas pessoas até tentam dissociar o termo crossdressing dos homens que apenas adotam a calcinha pois, apesar de ser uma roupa do sexo oposto, pouco se compara a uma produção completa com roupas, acessórios e maquiagem.

Pode não parecer, mas essa prática atrai um grande número de homens pelo mundo inteiro. Embora seja mantida em segredo nas culturas mais conservadoras e machistas, nós só não temos noção do seu alcance porque as roupas íntimas são bem protegidas pelas camadas exteriores. Caso contrário, tenho certeza que já seria um comportamento naturalizado.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Crossdressers são Xamãs culturais

Xamanismo é um termo genericamente usado em referência às práticas etnomédicas, mágicas, religiosas (animista, primal), e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, transmutação e contato entre corpos e espíritos de outros xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos. Tais práticas buscam estabelecer uma ligação com o sagrado e o reencontro com os ensinamentos da natureza. Pode-se dizer que não tem origem em um determinado povo ou cultura pois é fruto de um fenômeno que ocorre no início do despertar da própria consciência humana, sendo, assim, uma herança de toda a humanidade. Tanto que é possível observar práticas similares em povos nativos espalhados por todo mundo.

No texto a seguir o Phil percebe nos crossdressers uma visão diferenciada do mundo. Nós tendemos a ignorar a cultura moderna de gênero e buscamos nos ligar aos nossos próprios sentimentos e nos expressarmos numa espécie de contra cultura. Talvez isso nos aproxime da nossa natureza. Talvez isso nos obrigue a ver a sociedade de uma maneira diferente. Talvez isso possa ser balela, mas achei interessante a relação que o autor encontrou e resolvi trazer o texto para vocês!

Traduzido de Phil

Os crossdressers são pessoas de outro mundo com uma visão especial?
Talvez não devemos ser tão facilmente descartados como... o que quer que você esteja pensando.

O status de "homem" ou "mulher", com seus privilégios e vulnerabilidades socialmente atribuídas, costuma ser defendido ferozmente na maioria das culturas (principalmente nas ocidentais). A primeira coisa que queremos saber sobre um bebê é seu sexo anatômico, e essa continua sendo a primeira coisa que queremos saber sobre as pessoas que conhecemos.

Se uma pessoa se aproxima, queremos saber imediatamente "é homem ou mulher?". Usamos as roupas como a principal referência, depois observamos a postura e o jeito de andar. À medida que se aproximam, avaliaremos seus outros comportamentos em relação às expectativas geralmente mantidas para homens e mulheres, ajustadas pelas expectativas que temos em relação à idade, classe ou etnia. Finalmente, notamos sua expressão facial e pequenos detalhes de cuidados se tornam importantes. Cada observação é checada contra as normas de seu gênero repetidamente para interpretação. Queremos saber – aproximadamente nesta ordem – estamos seguros fisicamente? Esta pessoa é de potencial interesse sexual? Essa pessoa poderia ser valiosa para nós?

Não é de se admirar que pensemos que a identidade de gênero e, portanto, a expressão facilmente decodificada, seja tão importante. Nossa vida depende disso!

Ou não é?
Pergunte a um crossdresser.

Tal como os xamãs, nós temos uma experiência diferente com os poderosos gênios do gênero. Não somos apanhados nas visões comuns de gênero que são grosseiramente imprecisas. Podemos perceber que a mitologia do gênero está cegando nossa sociedade para seu próprio recurso mais essencial: a verdade mais profunda de seu povo.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Porque você não deve supor a identidade sexual das pessoas

Acho que eu já me acostumei com o fato de as pessoas automaticamente suporem que eu sou homossexual por conta da minha identidade de gênero, o que não é o caso. Já fui questionado por familiares, amigos, desconhecidos, até por uma crush sobre isso e cheguei a comentar a respeito disso quando escrevi sobre a minha visita numa balada hétero. No passado eu me incomodava com essa percepção, mas chegou um ponto que percebi que não tinha muito o que fazer e acabei deixando isso de lado.

O texto a seguir foi escrito por uma mulher que não tem a aparência mais feminina do mundo e que passa exatamente pela mesma situação. Acho que isso também tem relação direta com a questão da passabilidade, pois no fundo não existe homem/mulher padrão nem hétero/homo/bi padrão. Cada um tem o seu jeito. Cada um tem a sua aparência. Cada um tem a sua personalidade. E, o mais importante, cada um merece o devido respeito!

Traduzido de Alana Rister, Ph.D.

Não, eu não sou lésbica e o seu gaydar está errado!

Muitas pessoas me veem como lésbica. Desde como me visto até a maneira como falo, aparentemente eu envio um alerta ao gaydar das pessoas. Na verdade, apesar de eu estar em um relacionamento sério com um homem há mais de 5 anos, as pessoas me incentivam a sair do armário.

Eu até entendo por que as pessoas presumem que eu sou lésbica. No entanto, essas suposições me causaram sofrimento e angústia desnecessários. Matou minhas amizades, prejudicou meu relacionamento com a minha família e, por fim, tornou muito difícil a minha autoaceitação.

Provavelmente eu devo ser uma das poucas pessoas heterossexuais que passou por severos questionamentos sobre minha identidade sexual por causa da pressão social. Acredite em mim, eu sei que sou heterossexual.

Desta forma, quero compartilhar as 3 principais razões pelas quais as pessoas presumem que eu sou lésbica e porque a sociedade deve parar de fazer suposições sobre a identidade sexual e sobre a identidade de gênero dos outros.


Minha aparência
De longe, o maior motivo pelo qual as pessoas acham que sou gay é por causa da minha aparência. Minha aparência fica em algum lugar entre andrógina e masculina, dependendo do dia.

Eu tenho um corte de cabelo bagunçado, visto roupas de homem e nem mesmo encosto em maquiagens. Esse visual supostamente masculinizado costuma plantar a ideia de que eu devo ser lésbica.

Eu me identifico como agênero. Isso significa que não me vejo como homem ou como mulher e rejeito a noção de estereótipos de gênero. Embora minha jornada para encontrar minha identidade de gênero tenha sido complexa, isso me deu a liberdade de ser quem eu quero ser sem me sentir constrangida.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Você é uma acumuladora de roupas?

Não sei bem ao certo se esse texto é um alerta ou uma visão cômica do nosso apego pelas roupas femininas. Ao longo da minha jornada eu pude conhecer meninas que acumulavam sapatos, calcinhas, meias, lingerie... enfim, tem de tudo e um pouco. E, de certa forma, eu entendo esse sentimento. Aos olhos de terceiros parece ser só um pedaço de tecido, mas nós carregamos junto o sentimento de alcançar o inalcançável. Por acaso você se lembra de como foi que você conseguiu a sua primeira peça de roupa feminina? Tenho certeza que você teve que juntar coragem para adquirir essa roupa e isso, no mínimo, marcou a sua vida. Portanto, confira a justificativa disso nas palavras da Cathy Hamilton.

Traduzido de En Femme Style

Tenho certeza de que não estou sozinha nisso.

Pelo que eu percebo, uma porcentagem muito grande de crossdressers, transgêneros e não-binários parecem ter o mesmo problema com roupas que eu – se é que isso possa ser considerado um problema. Em primeiro lugar, não consigo resistir a comprar roupas novas e, uma vez que eu às compro, elas são para sempre, não importa se eu as uso uma, duas vezes... ou nunca! Em suma, nunca as jogo fora... a menos que venha aquele sentimento de culpa ou a vontade de largar tudo. Faça uma pausa aqui e pense com cuidado: você é como eu? Você tem uma proporção de pelo menos dez vezes ou mais (sério) roupas, acessórios ou sapatos femininos do que roupas ou itens masculinos? Seu guarda-roupa feminino faz com que sua coleção de roupas masculinas pareça minúscula em comparação?

A título de exemplo, tenho 2, talvez 3, pares de sapatos masculinos, enquanto tenho mais de 50 pares de sapatos femininos; 5 pares de calças masculinas, enquanto tenho mais de 60 saias; cerca de 7 camisas, e... hmm... bem, é melhor eu nem comentar quantas blusas eu tenho! Se eu tirar uma foto do amplo guarda-roupa que "ela" ocupa em comparação com o compartimento de uma porta que "ele" tem, sei que você vai me entender! Mas talvez a posse desta extensa gama de roupas se deva, em parte, ao fato de que eu nunca me desfaço das minhas roupas; nunca jogo fora qualquer item de roupa feminina, sapatos ou acessórios (bem, a menos que o item esteja totalmente fora de uso ou danificado, mas isso é incomum). Eu acho que parte desse desejo de acumular é genético, já que minha mãe é um pouco acumuladora, mas quando eu pondero as verdadeiras razões me questiono o por quê disso? Posso inventar várias desculpas, digo, indicar razões legítimas, pelas quais eu gosto de acumular, tais como:

quarta-feira, 16 de junho de 2021

HQ - Boneca da Raan (48)

História em quadrinhos traduzida de KannelArt
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