quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Ensaio Cabana do Anhangava - Vi Oliver

Estou aqui de volta com uns looks de Homem Feminino para vocês!

Dessa vez eu estive em uma Cabana no meio da floresta na base do Morro do Anhangava na cidade de Quatro Barras, um espaço turístico bem interessante para quem gosta de se aventurar em trilhas. Eu até gosto, mas nesses dias eu só fiquei de boa me montando dentro e em volta da cabana.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A dificuldade de ser um cara afeminado em um escritório heteronormativo

Traduzido de Very Good Light

Eu sempre podia ver isso em seus rostos.

Eu temia isso. Eu falava no que era o meu tom mais baixo e antinatural e observava como um breve momento de realização cruzava em seus rostos, seguido por risadinhas abafadas e, em seguida, amizade educada neutra ou desprezo, dependendo de quem eu estava me apresentando.

No meu tom de voz mais baixo, eu parecia uma Paris Hilton imitando uma tuba tocando “9 to 5” da Dolly Parton. Como um relógio, a temida pergunta surgia, às vezes durante uma conversa e outras vezes durante uma amizade de anos.

"Você é gay?"

Para mim, a vergonha não era, e não é, necessariamente em ser gay, mas na interpretação social de minha feminilidade inerente ou falta percebida de masculinidade “aceitável”.

Eventualmente, a resposta para essa pergunta irritante passou de “não” para “sim” para “por que mais eu estaria no Grindr?” Eu abraço minha sexualidade totalmente, nunca vacilando em minha própria autoaceitação. Afinal, é algo que eu não poderia mudar. Minha feminilidade, por outro lado, parece uma maldição. Por muito tempo, tudo o que eu queria era mudar isso.

Eu sou de uma pequena cidade de Ohio, e tudo o que fiz no ensino médio parecia estar sob um microscópio, minha expressão – tom, voz – sempre em discussão. O que me deixou mais nervoso e ansioso na época foi que, assim que as pessoas, incluindo professores na escola e adultos em posições de poder, ouviam minha voz ou testemunhavam minha apresentação estética, eles me descartavam. Eu teria que trabalhar muito mais do que os outros alunos para ser elogiado ou reconhecido.

Para muitos, a feminilidade é uma característica repugnante nos homens.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Desassociação entre identidade e fetiche

Traduzido de Claudia Tyler-Mae

Um dos problemas de compreensão no submundo da libertinagem sexual é a associação de sexualidade com identidade. Para alguns, a imagem dela define a pessoa. Para outros, essas são duas coisas totalmente distintas.

Essa é a diferença entre slut shaming e slut walks (slut shaming é quando pessoas são julgadas de maneiras pejorativas por se comportarem/vestirem fora de um modelo considerado tradicional, enquanto no slut walks, conhecido no Brasil como Marcha das Vadias, as mulheres protestam contra a crença de que as vítimas de estupro provocam a violência por conta de seu comportamento ou pela sua roupa). Também podemos visualizar isso claramente no BDSM, onde alguns bottoms podem sair de uma sessão de humilhação com a cabeça erguida, enquanto outros correm por quilômetros para se esconder de todos. No discurso público, analogamente se questiona se as pessoas podem jogar videogames violentos sem serem necessariamente violentas.

Parece-me que isso está ligado à incapacidade das pessoas de desassociar a imagem (ou a palavra, ou mesmo o ato) da identidade de alguém. Uns ficam felizes em adotar publicamente uma imagem excêntrica ou explorar um papel de gênero ou papel social diferente do deles e não sentem que isso defina quem eles são, apenas como uma exploração momentânea. Já aqueles que associam um ao outro, porém, sentem a ligação como uma constante atrelada a sua identidade (exemplo: "se eu experimentei sexo anal, isso quer dizer que virei gay?").

Isso causa problemas quando um determinado grupo adota estilos e comportamentos que outro grupo relaciona com uma sexualidade específica, ou vê como algo misógino ou humilhante. Não que isso seja um argumento para dizer que um lado é mais “liberal” do que o outro. Alguns pervertidos felizes e confiantes também podem ser "literalistas", que fazem a associação direta de que se você quer agir como uma vagabunda, então você deve simplesmente seguir em frente e sempre se apresentar como uma vagabunda. A capacidade de desassociar ou não define como você se expressa, não as coisas que deseja expressar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Por que eu gosto de me travestir? Por que sou crossdresser?

Traduzido de EnFemmeStyle

Por que? Por que? Por que?!?

Imagino que a maioria de nós, em algum momento do curso de nossas vidas, tenha se sentado e ponderado sobre o motivo de nos travestirmos. Por que temos esse desejo ardente, não ... deixe-me reformular isso: por que temos essa necessidade essencial, irresistível e implacável de vestir roupas femininas pelo tempo que pudermos e nos apresentar como mulheres?

Acho que uma resposta simples, mas um tanto petulante, seria: Bem, não sei, acho que gosto de estar como mulher de vez em quando. No entanto, se você passar algum tempo contemplando esse aspecto do seu ego, poderá descobrir que há mais do que isso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Quais são as vantagens de ser crossdresser?

Traduzido de Bellatory

As mulheres usam roupas masculinas há muitos anos — Será que os homens estão alcançando elas?

Há muitos anos as mulheres tem gostado de usar roupas supostamente masculinas e itens da moda masculina. A aparência indiscutivelmente masculina de Ellen DeGeneres ou o uso de roupas masculinas não parecem fazer mal a ela. De fato, como alguns comentaristas já afirmaram formal e informalmente, roupas exclusivamente masculinas não existem, todas são unissex. As mulheres não são mais questionadas por usá-las desde que moças criativas como a George Sand foram pioneiras na tendência.

As mulheres também usam roupas íntimas masculinas. Já conversei com duas mulheres que usam roupas masculinas por preferência. Ambas argumentaram que as roupas masculinas são mais grossas, mais práticas e mais sensatas como simples vestimentas que tinham a função de cobrir o corpo de forma adequada e confortável.

Uma dessas senhoras também preferia usar pijamas masculinos em vez dos femininos. Ela argumentou que os pijamas masculinos se ajustavam melhor ao corpo dela. Agora me tira uma dúvida, usar essas roupas fez com que essas senhoras se identificassem como homens? Não. Uma delas afirmou categoricamente que era mulher, e não houve confusão.

O que é crossdressing?

Neste artigo, o termo crossdressing (ou travestismo) será usado apenas no contexto de homem para mulher e não significa (como muitas vezes implícito) que o homem está alterando sua aparência e se tornando uma persona feminina, como no caso das Drag Queens. De fato, em um estudo quantitativo da Escandinávia, apenas 2,8% dos homens foram identificados como crossdressers integralmente (ou travestis), para usar um termo tradicional: homens que se vestem de mulher com peruca e maquiagem.

Em vez disso, o termo crossdressing usado aqui se limita àqueles homens que costumam usar peças de vestuário femininas, total ou parcialmente, para constituir seu conjunto de roupas ou para papéis específicos enquanto funcionam ou se apresentam como homens. A proporção de crossdressers masculinos neste contexto é muito maior, embora os dados sejam limitados.

Uma estimativa conservadora de homens que se travestem no mesmo sentido que as mulheres, por assim dizer, é de cerca de 2 a 10%, uma proporção muito maior do que travestis ou transgêneros, embora uma proporção menor do que as mulheres que se "travestem" normalmente em um contexto socialmente aceitável.

O crossdressing de homem para mulher muitas vezes é inadmissível, mesmo entre amigos. Talvez seja melhor definido como não-conformismo de gênero. Hoje, as relações online estão tornando os dados e a discussão intra-masculina sobre questões de travestismo mais disponíveis. Finalmente, o crossdressing no sentido discutido aqui é despojado de conotações sexuais e “fetichismo”, embora graus variados de orgulho ou prazer possam estar associados a tal experimentação.

11 vantagens de praticar crossdressing

Há desvantagens no crossdressing, como tentar explicá-lo para sua namorada ou se preocupar com o que alguém pode pensar sobre sua interessante coleção de sapatos que você usa para se exercitar no parque à noite (sim, existem alguns homens que andam em parques usando saltos).

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Como a indústria da beleza convenceu as mulheres a depilar as pernas

Existem relatos históricos de depilação desde a nossa antiguidade. Alguns artefatos indicam que em 1500 a.C. os homens já removiam os pelos do corpo com um depilador feito de sangue de diversos animais, gordura de hipopótamo, carcaça de tartaruga e trissulfeto de antimônio. Os romanos também tinham suas receitas, algumas das quais continham soda cáustica como ingrediente. Cleópatra tirava seus tão indesejáveis pelos com faixas de tecidos finos banhados em cera quente. Os romanos associavam a pele lisa e sem pelos à classe e pureza.

Na Idade Média, a Igreja católica esperava que as mulheres cristãs mantivessem os seus pelos como uma forma de feminilidade, mas que os escondessem em público. Esse pensamento perdurou até a Era Vitoriana, que foi até o início do século XX, quando as pessoas no geral ainda usavam vestimentas que cobriam o corpo todo e mal deixava a pele aparente.

O texto a seguir apresenta a transformação moderna por meio de propaganda que trouxe de volta a depilação aos corpos femininos em conjunto com as roupas abertas no contexto dos Estados Unidos do começo de 1900.

Falando por mim, desde criança eu nunca gostei da estética dos pelos corporais. Durante a minha adolescência eu entrei em desespero quando começou a brotar pelos no meu corpo todo (inclusive costas e bunda). Hoje sou adepto da depiladora elétrica e dificilmente passo uma semana sem usar.

Traduzido de Vox

Em 1920, quando uma jovem cortou a pele ao raspar a perna, não foi apenas um acidente. Foi uma noticia nacional, porque depilar as pernas era algo totalmente incomum:

"Moça se corta ao depilar as pernas para usar meia aberta"
Depilar as pernas virou notícia nacional em 1920. Seattle Star/Biblioteca do Congresso

Como as mulheres raspando suas axilas e pernas passaram de uma história incomum em 1920 para a moda vigente em 1950?

A melhor pesquisa que encontrei responsabiliza essa mudança a uma campanha publicitária sustentada para mudar a forma como as mulheres se arrumam.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

De menino afeminado a homem gay-heteronormativo

O texto a seguir fala sobre a dificuldade que alguns homens homossexuais tem de aceitar e assumir na vida adulta o seu lado afeminado (ou feminino?) para a sociedade. Quando li, eu senti que os questionamentos dele podem ser muito bem replicados para crossdressers, transgêneros, não-binários e queers, pois esse paradigma de que todo humano com pênis tem que agir exclusivamente de um determinado jeito masculino afeta boa parte da comunidade LGBT.

Traduzido de Darren Stehle

O perdão e a auto-aceitação começam com a compreensão da nossa vergonha queer.

O perdão permite que você viva o agora, tenha a auto-estima para poder deixar seu passado e todas as transgressões que possa ter sofrido – mas não para tolerar ou esquecer as ações dos outros.

Os homens gays podem liderar a humanidade com um novo modelo de perdão através de sua própria auto-exploração da vergonha gay e da homofobia internalizada, evoluindo como homens que entendem e abraçam a dicotomia das energias masculinas e femininas.

Para muitos gays, tivemos que aprender a nos perdoar quando saímos do armário. Temos que nos perdoar por como maltratamos nossa identidade autêntica – fomos forçados, sem a capacidade de discernir de outra forma, as mentiras que nos convenceram de que éramos de alguma forma anormais, ou pecadores aos olhos de algum deus aleatório.

Não queremos nos machucar intencionalmente.

Como adultos, como gays vivendo fora do armário, podemos aprender a perdoar a homofobia como forma de aceitar que o que nos aconteceu vive no passado. Agora sabemos melhor; temos nossas próprias mentes e podemos forjar um novo caminho.

Ainda podemos lutar com o desafio de perdoar a homofobia quando somos levados a sentir a vergonha de como nos sentíamos quando vivíamos no armário – aquele período de tempo na adolescência em que não sabíamos como superar a culpa tanto externa quanto o dano auto-infligido.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Mulheres contam sobre como flagraram seus namorados travestidos

Traduzido de All About Crossdresser

É bastante comum que as pessoas mantenham alguns segredos de seus parceiros por causa do medo do julgamento que podem receber dele. As pessoas guardam segredos por inúmeras razões. O crossdressing é uma atividade que muitas pessoas pretendem manter em segredo por causa do medo de não serem aceitos ou serem humilhados pela parceira.

Alguns crossdressers são pegos em flagrante e é uma situação confusa para ambos do casal. Algumas pessoas ficam surpresas, algumas ficam com raiva, algumas apenas acham engraçado e algumas são muito solidárias quando encontram seu parceiro vestindo roupas do sexo oposto.

Aqui estão algumas histórias compartilhadas por mulheres que pegaram seus namorados travestidos.

1. Cheguei em casa e peguei meu namorado em flagrante. Não com outra garota, mas com o rosto coberto de maquiagem e vestindo minhas roupas velhas. Estou dando total apoio, mas na hora eu não sabia como reagir.
– Rita de San Antonio, Texas, EUA


2. Acabei de chegar em casa mais cedo do trabalho e peguei meu namorado travestido. Eu fiquei bem confusa ao vê-lo se vestir como uma menina e era notável que ele estava bastante envergonhado por isso. Eu o peguei experimentando minhas roupas. Ele traiu a minha confiança e não sei se vou conseguir superar esse obstáculo em nosso relacionamento.
– Jenny da Califórnia, EUA


3. Fiquei super confusa quando descobri que meu marido é crossdresser e só descobri por causa do histórico da internet. Sinto-me magoada e triste por ele ter guardado esse segredo de mim.
– Alice de Toronto, Canadá

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

HQ - Danni? (09)

 História em quadrinhos traduzida de stvkar.


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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Disforia de gênero e por que eu não a reconheci por décadas

Traduzido de Nina

Oi, eu sou Nina, transgênero, atribuído homem no nascimento, 44 anos, casada, dois filhos em idade escolar, casa própria, bem sucedida profissionalmente, até agora só chata e normal – e até junho de 2021 meu mundo estava bem. Pelo menos foi o que eu pensei. Não, eu estava mesmo fortemente convencida de que a minha vida, do jeito que era, era realmente normal e boa. Pelo menos a maior parte do tempo.

Afinal, tudo não era tão bom quanto eu pensava?

Da perspectiva de hoje, olhando para meus pensamentos e convicções dos últimos anos ou décadas, eu deveria saber muito antes que sou trans. É perturbador e frustrante ver quanto tempo eu me enganei.

Minha mente: “É normal que eu não sinta alegria na vida com muita frequência, que muitas vezes me sinta deprimido, deslocado, não pertencendo a lugar algum, triste e vulnerável. É assim para muitos! E a maioria deles é como eu, eles não sabem porque se sentem mal, é assim que é e faz parte da vida. E talvez eu não me sinta mal e apenas invente as coisas.”

É normal, certo?

Minha mente: “Também é bastante normal que minha sensação de que algo está fundamentalmente errado aumente ao longo da vida. Acabei de envelhecer, vejo o mundo de forma mais realista do que quando era mais jovem. Então, faz sentido eu estar mais calmo, mais pensativo, mais sentimental, triste e não tão divertido, engraçado e falador como costumava ser. (Bom, para ser honesto, eu nunca fui a pessoa mais divertida por natureza, mas no passado eu sempre poderia atuar muito bem e esconder meu desconforto e dor interior.) E essa decepção simplesmente não funciona tão bem quanto costumava com a idade avançando. Tudo bem que amigos, parentes e filhos perguntem regularmente à minha esposa se eu não gosto mais deles, se estou com raiva, ... Quem quer falar o tempo todo, afinal? Até os antigos filósofos diziam: a fala é prata, o silêncio é ouro.”