quarta-feira, 23 de março de 2022

Roupas não fazem de você uma pessoa transgênero

Traduzido de Emma Holiday

Albrecht Dürer - Adão e Eva (Rijksmuseum RP-P-OB-1155)

Me inspirei no artigo da Anna, O que você quer dizer com "sentir-se como uma mulher?", sobre identidade de gênero e a escolha das roupas que fazemos.

A citação que mais me impressionou foi uma resposta que alguém comentou no artigo anterior dela sobre as mulheres não usarem maisvestidos hoje em dia, aparentemente a autora ficou bem zangado:

“As mulheres foram forçadas a usar vestidos durante grande parte da história registrada... Feminilidade não é sobre usar vestido.”

Eu concordo absolutamente que a moralidade patriarcal muitas vezes dita o que as mulheres podem ou não usar. E a religião tem muita relação com isso.

O comunismo norte coreano tentou nivelar o campo de jogo do gênero, mas não pude deixar de notar que as mulheres que se destacam nesta foto de propaganda estão todas usando maquiagem, assim como a moça trajando burca acima. 

Todas elas escolheram como exibir seu próprio senso de feminilidade, mesmo nas sociedades mais restritivas.

O patriarcado não necessariamente tem culpa de todas as variações de moda feitas pelas mulheres ao longo do tempo, e até a masculinidade foi já definida pelo uso de vestidos

Rei Henrique VIII da Inglaterra (1491 - 1547)

O Rei Henrique VIII da Inglaterra usava vestido e meia-calça. Ele gostava de sua aparência e as suas várias esposas consideravam que ele era bastante elegante enquanto estivessem por perto.

Rei Luis XIV da França (1638-1715)

Já o Rei Luís XIV, da França, gostava de expor um pouco da sua coxa em suas meias, ligas, salto alto e peruca impertinente. Acho que eu também notei um pouco de blush nas bochechas dele. Suas várias esposas e amantes achavam que ele era arrojado e ele se manteve no poder ao longo de 72 anos. Ele teve seis filhos legítimos e uma dúzia de outros bastardos através de amantes. Obviamente, um “homem macho”, apesar de suas escolhas de moda.

No meu caso, durante a maior parte da minha vida profissional eu tive que usar terno e gravata. Isso era algo esperado de mim pela sociedade... e eu odiava. Cada vez mais ao longo do tempo. Sempre me senti emocionalmente constrangido. Eu ficava cada vez mais com ciúmes das minhas colegas de trabalho. Eu amava tudo que eles usavam. Parecia mais o meu estilo.

Minha disforia de gênero estava desabrochando.

Concordo com os muitos comentários deixados no artigo da Anna de que nossa escolha de roupas femininas é uma validação de nosso senso de gênero com base nas tendências atuais da moda. Não esperamos que a moda elisabetana, romana ou renascentista seja válida nem nos inspiramos em mulheres guerreiras amazônicas para satisfazer os críticos de nosso senso de moda. Olhamos para as mulheres ao nosso redor com quem compartilhamos uma visão do nosso eu feminino. Não pretendemos dar continuidade a uma agenda patriarcal.

Estamos apenas tentando nos encontrar.

Deveríamos andar pelados na rua para satisfazer as opiniões de outras pessoas ou questões pessoais de raiva? Não aspiramos a ser drag queens. Aspiramos a ver nós mesmos refletidos no espelho todas as manhãs como gostaríamos de estar. Todos nós precisamos de validação sobre quem somos.

Então, e a pergunta de Anna:

“O que você quer dizer com 'sentir-se como uma mulher'?”

Vou deixar minha resposta pessoal nas mãos da Shania Twain. Ela obviamente conhece meu coração.

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Um comentário:

saurus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.