Traduzido de JJ Hart
Há alguns dias, li uma publicação interessante de uma pessoa dizendo que se considera transgênero, mas que nunca foi um crossdresser. Além disso, ela também disse que os crossdressers são uma vergonha para todas as mulheres transgênero. Gostaria de poder citar apenas alguns dos muitos comentários depreciativos que se seguiram. Quase todos os comentários eram contra a ideia da mulher transgênero alegar nunca ter sido um crossdresser. A publicação inteira me soou como uma atitude de "Eu sou mais trans do que você". Talvez até ao ponto de quem postou ter uma certa transfobia interna.
Admito abertamente estar levando cada vez mais a sério o meu crossdressing. Antes de admitir ser transgênero, precisei pesquisar se uma mudança tão grande seria adequada para mim. Certamente, a possibilidade de perder uma vida inteira e começar uma nova do zero era intimidadora. Além disso, por definição, eu estava me travestindo de um gênero binário para outro. Muito mais tarde, finalmente percebi que eu estava me travestindo como homem, não como mulher, embora durante todos aqueles anos eu achasse que estava tentando o oposto. Fazendo o meu melhor para me feminizar.
Ironicamente, a pessoa que postou o texto também se manifestou contra os crossdressers que saem do armário no Halloween. Esse comentário ia totalmente contra tudo o que eu já havia sentido e aprendido com minhas experiências de Halloween. Acredito que meu curto período fora do armário de gênero me proporcionou muita experiência e confiança para seguir em frente na vida. No geral, as únicas vezes em que me lembro de achar crossdressers desagradáveis foi nas celebrações do Orgulho Gay a que fui, quando vi vários crossdressers (não drag queens, o que é outro assunto) cambaleando de salto alto, espremidas em vestidos incrivelmente justos ou curtos. Pensei que cada uma com a sua, e elas provavelmente eram apenas novatas assumidas. As drag queens, para mim, representavam uma ameaça muito maior à visibilidade das mulheres transgênero.
Todos nós precisamos chegar a um ponto em que possamos nos aceitar como transgêneros. Se ser crossdressers por um período da vida é necessário para isso, que assim seja. Ao longo dos anos, conheci outra mulher transgênero que disse que nunca foi crossdressers e empinou o nariz ao dizer isso. Novamente, não entendo como uma pessoa que primeiro precisava se vestir no carro antes das reuniões pôde dizer uma coisa dessas. Mas ela disse. Eu a questionei sobre isso durante uma reunião e meu comentário foi veementemente rejeitado, então, por uma vez, fiquei quieta.
Eu vejo minha vida como crossdresser como uma série de portas fechadas. Depois de me estabelecer atrás de uma porta, eu só precisava ver o que havia atrás da próxima e abri-la. Finalmente, encontrei meu caminho para onde estou hoje. Vivendo a vida como uma mulher transgênero recém-casada em tempo integral. Imagino que muitas mulheres trans "cirurgicamente corrigidas" me dariam a cartada de não fazer cirurgia (já que não desejo nenhuma) e diriam que são mais transgênero do que eu. O que eu acho uma pena.
Não tenho vergonha de dizer que minhas décadas como crossdresser, na maioria das vezes, dentro de um armário de gênero, me fizeram ser o que sou hoje. Fiz a transição de crossdresser para mulher transgênero aos 60 anos. Então, eu era muito crossdresser, o que me ajudou a encontrar meu caminho para onde cheguei hoje.
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| JJ Hart, autora do texto |





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